Desmistificando a Constelação Sistêmica

Desmistificando a Constelação Sistêmica

Não. Ela não é astrologia nem espiritismo. Não é teatro, nem incorporação mediúnica. A Constelação Sistêmica é uma terapia breve ou uma intervenção, realizada por um terapeuta-professional, que ajuda, entre outras coisas a:

1)  a tornar visível as dinâmicas das relações, assim como causas dos padrões de sofrimento de uma pessoa ou organização;

2) restabelecer o fluxo harmonioso do sistema, permitindo maior paz, saúde e abundância;

3) certificar de melhores escolhas e possibilidades.

Por trabalhar com algo invisível aos nossos olhos e difícil de ser compreendido pela nossa mente normal, as dinâmicas das relações, os vínculos entre as pessoas e os campos de memórias, que funcionam como uma caixa preta do sistema e ultrapassa o tempo e do espaço, a Constelação Sistêmica exige uma consciência ampliada e uma nova postura diante do ser humano e dos sistemas dos quais faz parte.

Talvez seja essa condição – de mudar o modelo mental e desapegar de verdades do passado ou da ciência tradicional, que alimentam os incômodos e as confusões, tão comuns quando se está diante do novo e desconhecido.

Pelo contrário, a beleza e profundidade dessa nova abordagem está no simples, conforme diz o seu fundador Bert Hellinger: “O essencial é simples”.

Quem inventou a Constelação Sistêmica?

Hellinger, por sua vez, também não é o único criador, mas o compilador que transformou o que a Constelação Sistêmica é hoje. Sua base foi construída sob várias influências, experiências e técnicas terapêuticas, como: o Psicodrama de Moreno, a terapia das Famílias Simuladas de Virginia Satir, as fundamentações do inconsciente coletivo, sincronicidade e arquétipos de Jung, a teoria dos campos mórficos e seus movimentos de ressonância do bilólogo e pesquisador Rubert Sheldrake, a descoberta das estruturas de relacionamento que se repetem por gerações e dos “vínculos invisíveis” do psiquiatra e pesquisador Ivan Boszormenyi-Nagy, entre outros profissionais de dinâmica de grupo, psicanálise, psicologia, terapia Gestalt, terapia primal, análise transacional, hipnoterapia e programação neurolinguística (PNL). Mas foi nos EUA, através dos terapeutas familiares Les Kadis e Ruth McClendon, que Bert Hellinger conheceu o primeiro modelo de constelação familiar.

Bert Hellinger tem, hoje, 92 anos,  escreveu mais de 30 livros, nasceu na Alemanha, e continua viajando por todo o mundo, junto com sua segunda esposa Sophie, quem continua seu trabalho e legado.

Mais conhecida pela Europa, e recentemente considerado na Alemanha a mais eficiente intervenção breve do mundo, a Constelação Sistêmica Familiar e Organizacional tem  conquistado seu espaço de forma vertiginosa no Brasil. Por promover muitos resultados visíveis e, às vezes, surpreendemente rápidos, não só em consultórios, empresas como também no judiciário, virou notícia recente no Fantástico, o que ajudou a aguçar a curiosidade e o incomôdo de alguns, incluindo membros das classes acadêmicas.

Ao contrário do movimento separatista, analista e excludente da mente-cultura-ciência tradicional, a Constelação Familiar, como também é dita, parte do pressuposto que cada ser humano é um sistema vivo, proveniente de uma relação entre dois complementares feminino e masculino e está conectado com os demais sistemas, sendo a família o de maior influência.

 

Os princípios sistêmicos

Hellinger descobriu 3 princípios nas relações que são responsáveis pelo fluxo harmonioso da Vida. É ela própria o propósito do trabalho. Hellinger acredita que a alma, para estar em seu melhor estado, precisa servir a Vida e estar conectada com as demais almas dos outros sistemas, incluindo a Alma Maior – que sem dá nome refere-se a Deus, o princípio de Tudo (sistema maior).

Dessa forma, busca–se restabelecer a unidade, a ordem e o equilíbrio perdido dos sistemas vivos. Acredita-se que quando os princípios de: 1) pertinência, (todos tem o direito de pertencer, independente do que fez ou faz), 2) ordem (tudo precisa estar em ordem, cada um precisa assumir e viver o seu papel, assim como respeitar a hierarquia e ao papel do outro) e 3)equilíbrio (precisa ter um equilíbrio entre o dar e receber, sendo que, no caso dos filhos, que receberam a Vida através dos pais, sua única forma é através do respeito, honra e gratidão)

Quando se respeita esses princípios cuja base maior é o respeito, a Vida flui no seu melhor estado e abundância, mas quando alguns desses princípios são desrespeitados, seja por exclusão de alguém ou por um aborto não reconhecido (pertinência), pelo desrespeito pela hierarquia (ordem) ou por qualquer forma que prejudique ou sacrifique alguém ou um sistema (equilíbrio), um movimento inconsciente e implacável de uma consciência maior atrai e cria o que chamamos de compensação. Isso significa que quando o sistema não está em harmonia ele cria sintomas, doenças, conflitos, sofrimentos e perdas como forma de compensar a desarmonia sistêmica provocada pelo desrespeito dos princípios.

Por ser sistêmico, isso significa que se um pai provocar uma exclusão, desrespeito ou prejuízo a alguém ou um sistema maior, seu filho e próximas gerações podem pagar o preço.

Um exemplo de prática das Constelação Sistêmica em grupo

1. A intenção: é preciso que haja uma questão específica, uma necessidade cuja força sustente o trabalho e conduza o cliente, o terapeuta e os representantes. Não é preciso falar muito. Menos é mais. 

2. O processo da informação: O que se requer são os acontecimentos e padrões de família. Cada vez mais as constelações estão caminhando para falar menos e não falar. 

3. A escolha dos representantes: O cliente escolhe sem critérios as pessoas que irão representar alguém, alguma coisa ou questão. Pode se verbalizar quem é ou pode ser oculto. 

4. O processo da colocação: O cliente pode posicionar o representante no espaço determinado do trabalho ou o próprio representante pode escolher um lugar. 

5. Deixar agir a imagem que foi colocada: Assim que cada represente se posiciona, existe um silêncio.  Cada representante acessa as informações do campo e pode sentir sensações, sentimento ou vontade de se movimentar. 

6. Leitura e perguntas aos representantes: O terapeuta faz a leitura corporal e emocional dos representantes e de si mesmo, permitindo sentir o campo e colher mais informações, que são investigadas com perguntas. 

7. A descoberta da dinâmica familiar: Aos poucos, o processo de descoberta revela as dinâmicas ocultas e os princípios que foram desrespeitados no sistema.

8. A ordenação do sistema: O terapeuta pode sugerir a entrada de novos representantes, mudança de lugar, repetições de frases de solução ou posturas, como abaixar a cabeça ou fazer uma reverência de corpo todo, por exemplo. Os rituais, por sua vez, são um procedimento repetido da mesma forma e desempenham um importante papel quando palavras não são suficientes para demostrar a força do campo.

9. A imagem da solução: às vezes acontece quando todos os representantes se sentem aliviados e bem no lugar aonde estão. O clima fica leve, sem tensão e não se percebe necessidade de mais movimentos. 

10. Ao final: não se precisa falar nem explicar nada, o movimento que leva à cura ou à resolução acontece em ressonância, em ondas, com o tempo. E é sustentado por uma nova postura interna, com mais aceitação, respeito e equilíbrio e menos julgamento, crítica e lamentação.  

Estamos vivendo hoje uma repetição de destinos de sofrimento através de heranças de padrões e desrespeito aos princípios essenciais que garantem a saúde das nossas relações.  A Constelação Sistêmica Familiar ou Organizacional vem, portanto, ao encontro dessa urgente necessidade de resgatar a unidade, a paz e a harmonia perdida.

Tem dúvidas sobre Constelação Sistêmica ou gostaria de saber mais sobre como este método pode te ajudar a resolver conflitos familiares ou empresariais? Fale com a Elos360!

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