Você é uma pessoa empática ou um psicopata?

Você é uma pessoa empática ou um psicopata?

Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro e de sentir compaixão. Enquanto seres humanos, somos naturalmente empáticos. Nascemos de uma relação e vivemos em relação. Sem empatia, não existe conexão e nem vida. Esta, por sua vez, precisa de uma relação de cuidado. 

E no caso daquelas pessoas que não são empáticas? A psiquiatria chama essas pessoas que não têm nem um pouquinho de empatia de psicopatas ou sociopatas, e a neurociência explica as suas causas como sendo falhas no circuito empático.  

Biologicamente, existem três áreas no cérebro responsáveis pela empatia: uma de reconhecimento, outra de espelhamento e também a de avaliação do caráter – esta última seria um centro racional que une as duas partes e, ainda, distingue se o estímulo visual representa um ser humano ou uma coisa. 

Foi descoberta uma área na visão responsável pelo reconhecimento específico do ser humano. Isso permite, por exemplo, que se consiga distinguir o impacto a ser sentido ora de se jogar uma boneca pela janela, ora uma criança. É bem provável que para a primeira opção, não se sinta nada. Já para a criança...

Desta forma, se uma pessoa não é capaz de reconhecer a outra como semelhante, inviabiliza o processo de empatia e de conexão com as emoções do outro ser humano. É a percepção do estímulo externo e a sua identificação como semelhante que permite o sentimento de compaixão acionado pela empatia. E esse é o processo que acontece com a maioria das pessoas que são psicopatas-sem-diagnóstico. 

O que se descobriu, recentemente, é que apenas uma minoria apresenta falhas biológicas no circuito empático, sendo então consideradas doentes sociopatas. Longe das cenas de filmes onde esses doentes-sem-coração escolhem e matam friamente as suas vítimas, os ditos psicopatas (ou não-empáticos) podem estar trabalhando ao seu lado! Eles não precisam matar, simplesmente se sentem superiores, agridem verbalmente, fazem críticas, com satisfação, na frente dos outros e não sentem remorso. Ao serem questionados sobre as suas atitudes, acreditam fielmente que estão certos. 

Essa relação vertical pode não ter nada a ver com a biologia, e sim com repetições sistêmicas inconscientes, crenças herdadas, aprendidas ou criadas. Como a percepção é traduzida pelas crenças, muitas pessoas aprendem, desde cedo, que algumas pessoas, por mais que pareçam pessoas, são coisas indiferentes ou seres inferiores merecedoras de sofrimento ou de extinção. Como aprenderam assim, acreditam que o único caminho seja esse.

Alguns discursos são exemplos cotidianos notórios desse tipo de racionalização como justificativa de violência. Quem nunca ouviu as seguintes expressões: “bandido bom é bandido morto”, “judeu não é gente, é uma raça inferior que precisa ser exterminada”, “matei porque não sabia que era um índio, pensamos que era um mendigo”, “agredimos aquela mulher porque não achávamos que era uma doméstica, mas uma prostituta”, entre outras perversidades? 

Esse processo de coisificação das relações também foi estudada por Martin Buber, quando diferenciou dois tipos de relação: a de sujeito-sujeito e a de sujeito-objeto. Para ele, a partir do momento em que a sua parte racional não identifica o outro como semelhante, justamente para fazer o reconhecimento e, posteriormente, o espelhamento, não existirá empatia, logo, não haverá possibilidades de se colocar no lugar do outro e, muito menos, de sentir a sua dor (compaixão).

Viktor Frankl foi um psiquiatra judeu que sobreviveu aos campos de concentração e criou a Logoterapia (uma terapia com base na psicologia do sentido de vida). Indignado com a capacidade do ser humano de causar tanto sofrimento ao outro, estudou a coisificação, mas também outros assuntos de inegável importância, como o suicídio e o sentido de vida. 

Existem muitos preconceitos acerca das causas da perversidade humana, mas estudos mostram que a maioria dessas causas são antigas e perpetuadas. Não é o rock, a droga ou o vídeo game que criam bullyings – ou até mesmo as crianças que coisificam os outros e os fazem sofrer –, mas sim a dinâmica sistêmica familiar e os seus valores intrínsecos, a quantidade e a qualidade de seus relacionamentos. Quando o sofrimento não faz parte da vida de uma pessoa, dificulta-se a capacidade de se identificar emoções. Digo mais: quando o mundo de uma pessoa se restringe ao tamanho do próprio umbigo ou da própria família, a sua empatia se restringe apenas àqueles com quem se identifica.

Uma reportagem da revista semanal Veja (nas páginas amarelas) problematiza os dados de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, em torno do sentimento de empatia junto a pessoas que cometeram crime de corrupção: 99% delas não tinham consciência dos impactos e dos sofrimentos que provocariam nos demais a partir dos seus atos, e apenas uma parcela revelou-se sociopata (sem nenhuma empatia ou remorso).

De acordo com Paul Blom, esse tipo de empatia seletiva representa um desastre moral, sendo, ainda, um péssimo caminho para o melhor da humanidade. De acordo com o autor, para que a empatia seja um bom guia confiável, ela precisa deixar de ser seletiva. Afinal, fazemos parte de uma mesma família e gênero.

E falar sobre empatia, implica também outros desdobramentos, como, por exemplo, em torno das questões que envolvem raça e cor. Foi constatado que mesmo que uma pessoa consiga identificar emoções de outras pessoas da mesma raça e cor, é importante que ainda se faça o reconhecimento em três outras raças diferentes e, inclusive, nos dois gêneros. 

Já uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, revela que o Brasil ficou em 51º lugar entre os países mais empáticos do mundo. E detalhe importante: apenas 63 países foram analisados!

E você, está pronto para fazer o teste de empatia?

Pela psiquiatria DSM - IV, seguem alguns comportamentos para se comprovar o diagnóstico de psicopatia:

(  ) descaso pelos sentimentos alheios;

(  ) incapacidade de manter relações duradouras;

(  ) descaso pela segurança alheia;

(  ) insinceridades e repetidas mentiras;

(  ) incapacidade de sentir culpa;

(  ) incapacidade de seguir normas e leis.

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