Você sabe qual é a essência da vida?
Para que estamos aqui? Para que existimos? Porque faço o que faço?
Descobrir a essência ou o propósito na vida tem a ver sobre o quanto entendemos sobre a mensagem de amor que a humanidade recebeu em diversas formas, canais e épocas. É tão simples e óbvio que muitos não enxergam ou não percebem. A maior necessidade da alma é o amor.
A maior lição já resumida e traduzida em diversas línguas nos foi dada pelo maior exemplo de amor que acredito e sinto já ter passado por este planeta: Jesus. Sua mensagem era tão revolucionária e disruptiva naquela época que ele foi até crucificado. Em resumo ele disse: “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.”
Mas como assim? Por mais incoerente, paradoxal e hipócrita que o homem consiga ser, a mensagem de amor é a essência da maioria das religiões criadas pelos mesmos. Na cristã, por exemplo, fala-se de matar o próprio eu e amar até o seu inimigo. Em outras palavras, desapegar-se do ego para escolher ser guiado pela essência. Fácil de dizer, lindo de se ver, mas desafiante em várias formas.
Então o propósito da vida é aprender a amar? Sim. Sinto que é um dos propósitos mais importantes da vida e acredito que exista uma jornada para ampliar a consciência e rever o conceito do próprio amor.
Como aprender amar?
Aprendemos amar através das nossas relações, mas se nossos pais e família não foram amados de forma saudável e construíram a experiência de amor com apego, expectativas, controle e medos, o que acontece, na verdade, é uma criação distorcida do que é amor. Afinal, como dar aquilo que não se tem?
A crença sobre o amor, desta forma, é construída pelas experiências, principalmente aquelas no início da vida.
Cada um expressa o amor e se se sente amado de uma forma individual, seja ela doente ou saudável. O que acontece, na maioria dos casos, é que muitos estão feridos e doentes de desamor e por isso, acabam criando condições para se sentirem amados, que, na verdade, afastam ainda mais, as pessoas do amor saudável e verdadeiro.
“Só me sinto amado se ele me escutar profundamente” ou se ele me disser que me ama sem receio ou timidez. Em outras palavras, “a condição para me sentir amada é ele gritar que me ama para todo mundo.” Fala sério. E se o outro não conseguir ou não querer expressar desta forma? Ele não te ama?
Estes são exemplos de um amor infantil e egóico que revela somente uma única via de acesso para o amor: “as minhas condições”.
As pessoas esquecem, por sua vez, que além de existir várias formas de amar, expressar o amor e receber o amor, tem pessoas que estão tão feridas que não conseguem sequer expressá-lo.
Amar e sentir se amado é um processo tão individualizado e ao mesmo tempo co-construído, que muitos só conseguem olhar e interpretar os atos e comportamentos conforme suas crenças, experiências e condições (entende-se via de acesso para o amor).
Uma coisa é certa: quem sofreu muito por amor em relações tóxicas e desgastantes fica com a conta bancária emocional tão negativa e devedora que sente até trauma de pedir empréstimo ou tentar resgatar a relação depositando ações amorosas novamente. Se não curar o trauma de amar, a pessoa se defende e se afasta do amor. Triste assim.
O que acontece, na maioria dos casos, é a criação de condições que afastam, cada vez mais, as pessoas do amor verdadeiro. As pessoas querem amar e serem amadas do seu jeito, esquecendo que o amor é o respeito pelo o outro e por si mesmo. Encontrar esta equação através de um diálogo empático é um caminho para um amor saudável.
Sabe aquela história de se colocar no lugar do outro para ver como ele se sente amado? Então, é por aí. Fácil de dizer mas difícil de praticar. Sair do nosso mundo para entrar no mundo do outro e compreender a sua incompreensão, traumas e carências pode ser muito desafiante.
Aprender a amar implica, portanto, coragem, humildade e esforço para aprender com o outro. Não existe amor, sem uma dose de esforço e sofrimento. Tem pessoas que aprendem amar só na dor ou no leito de morte, enquanto outros aprendem olhando para as necessidades não atendidas de ambos e aceitando o outro como ele é. Afinal, esta é uma das partes mais difícil de amar (depois do perdão, claro!)
O que é amar e ser amado?
Amar é difícil de conceituar, fácil de racionalizar e uma delícia de sentir. Pode se dizer que é uma escolha. Incontáveis livros e poetas já tentaram a proeza de explicar o amor. Como diz Stephen e Alex Kendrick no livro desafio de amar: “O amor é o motivador mais poderoso e tem uma profundidade e um significado bem maiores do que a maioria das pessoas pensam”.
Gary Chapman descreveu 5 linguagens de amor: palavras, carinho, presença, presente e serviços. Tem pessoas que se sentem amadas ouvindo, recebendo, estando junto ou sendo ajudados tem outros que não conseguem dizer o que sente, fazer um carinho, estar presente ou ajudar em algo. Pior, tem pessoas que sentem amor, mas só o revela com atitudes de desamor. Muitas delas são defesa de suas próprias feridas, outras são apenas repetição de modelos.
Acredito que uma das maiores provas de amor dada à humanidade foi o poder de escolha. É muito mais fácil amar o outro se ele for parecido com você ou seguir suas crenças ou escolhas. Agora, amar o outro que é diferente de você e escolhe o contrário de você, exige uma parte importante do amor chamada respeito.
Conforme os autores Stephen e Alex Kendrick, o amor é construído sobre dois pilares: uma forma passiva chamada paciência e uma forma ativa chamada bondade. Exemplos de atitudes amorosas passivas podem ser percebidas no respirar fundo e não se levar pelo impulso, pontuar respeitosamente quando se sentir ofendido, não cobrar que o outro seja diferente do que ele é. Por outro lado, atitudes como: dar atenção, ficar presente, acarinhar, dizer algo positivo sobre o outro, dar um presente, ajudar em um serviço, são alguns exemplos de uma linguagem de amor mais ativa. O amor está neste fluxo do ativo e do passivo, do dar e receber, mesmo que um não espere nada em troca
A conexão com o outro ser vivo, seja ele quem for, convida ao exercício da tolerância e da generosidade. Enquanto o primeiro reflete o respeito pelas diferenças e escolhas do outro, o segundo implica no exercício de se doar.
Amar a si mesmo
Quem não conhece a sua própria forma de amar e se sentir amado ou não descobriu a forma do outro pode achar que a relação não tem amor. Na verdade, quando uma pessoa está com dor fica mais difícil se conectar com o sofrimento do outro. A relação pode até ter amor, mas ele escorrega em outras vias não percebidas ou cai nos buracos criados pelas feridas emocionais do passado.
Desta forma, amar o outro, implica em aprender a amar a si mesmo, curar as suas próprias feridas e conhecer suas linguagens e necessidades. Atitudes amorosas como a paciência, a tolerância e a bondade, geralmente aparecem em pessoas saudáveis emocionalmente.
Aquele que se ama procura atender suas necessidades com responsabilidade e se trata com autocompaixão. Desta forma fica mais provável desenvolver empatia e compaixão com os outros.
Amar o trabalho
Ressalto que amar não é especifico à alguém. De forma semelhante, descobrir o propósito no trabalho também implica amar o que faz e disponibilizar os talentos e facilidades à serviço do outro, seja pessoa, animal, comunidade ou planeta.
É possível, portanto, amar o que faz. E é neste movimento que se encontra o propósito, assim como o sentido de significado e a sensação de realização no trabalho.
Vejo, entretanto a enorme necessidade de ressignificar o trabalho e a sua relação com as pessoas. Ao contrário do nome que significa um instrumento de tortura, o trabalho é uma das melhores oportunidades da vida para se realizar e aprender a amar.
Amar o trabalho não significa, por outro lado, que o indivíduo só vai fazer o que gosta ou tem paixão. O próprio pilar do amor chamado paciência implica tolerar atividades que não gosta, esforçar e aprender o que não sabe e bancar todas as responsabilidades implicadas em todas as suas conexões.
Como aprender amar o trabalho?
Tenha claro o propósito e as necessidades que precisa para se sentir realizado no trabalho.
Lembre-se que é protagonista da sua vida e tem o poder de escolher e transformar o que quiser ou o que precisar.
Desenvolva uma visão sistêmica e empática para saber dos impactos positivos que seu trabalho proporciona.
Tenha consciência de suas ações e procure fazer uma gestão de 80/20, onde 80 do seu tempo está focada no que ama e os 20 no que precisa.
Cuide de suas conexões
O amor é, portanto, a força mais poderosa de conexão e propósito que existe na vida. E o melhor, é uma escolha e um exercício. Portanto, escolha amar o que faz e amar quem se relaciona. Será muito mais provável que sua vida e o seu trabalho tenha muito mais sentido e prazer.
Quer saber mais sobre as conexões da vida? Conheça o blog da Elos360: elos360.com.br/blog
Com amor,
Mônica Santos