Você tem alguma dificuldade de se libertar do passado?
Libertar-se ou não libertar-se: eis a questão!
Algumas pessoas me procuram depois de meus encontros em grupo para uma ajuda individual.
Certa vez uma mulher com seus 40 anos e lágrimas nos olhos veio me agradecer pelo trabalho de Fortalecimento 360 e me pedir ajuda sobre uma dificuldade dela em se libertar do passado.
Respondi que sim e antes dela começar a contar sua história eu perguntei para quê ela queria me contar aquilo. Ela me respondeu que era para eu entender o que aconteceu com ela e poder ajudá-la.
Disse que entendia a intenção dela, só que naquele momento não era necessário. (Ela tinha acabado de sair de um seminário de 3 horas sobre autoconhecimento e transformação).
Expliquei novamente que toda vez que ela pensava ou falava sobre aquilo que aconteceu no passado, ela reforçava o padrão e a identidade construída após aquela experiência triste. Ela concordou.
Disse também que escutá-la naquele curto momento iria apenas reforçar o estado mental de vítima e que eu imaginava que era o contrário do que ela desejava. Ela concordou silenciosamente.
Perguntei então sobre o que aconteceria se ela conseguisse se libertar daquele passado ao ponto de nem precisar falar mais sobre ele. Ela respondeu com um sorriso nos lábios que, com certeza, ela seria uma mulher mais feliz e que teria um futuro melhor.
E foi então que a lembrei que este deveria ser o foco. Ao invés de focar no passado que não se pode mudar, ela poderia focar na intenção de superação do passado e nos ganhos presentes e futuro desta libertação.
Neste momento, fiz a pergunta poderosa: o que você precisa para se libertar agora do seu passado?
Ela ficou em silêncio e depois de alguns segundos ela respondeu que não sabia. E começou a narrar que não conseguia mais confiar em nenhum homem e que tinha sofrido muito e... interrompi, convidando a refletir sobre o que ela poderia fazer hoje sobre o que fizeram com ela no passado.
Ela me olhou com um olhar diferente, sem choro e respondeu que não conseguia perdoar. Perguntei, então, se ela tinha consciência que o perdão liberta e é dado não porque o outro merece, mas porque quem sofre se aprisiona e por isso precisa se perdoar e perdoar o outro para se libertar.
Ela disse que sabia disso. Então eu disse que ela já sabia o caminho para a sua cura e para o seu novo capítulo de vida e que só dependia dela. Ela concordou.
Disse que perdoar é uma escolha, uma decisão e se ela ainda não conseguia perdoar, ela poderia pedir ajuda. Quando se quer, verdadeiramente, superar algo que ainda não se dá conta, pede-se ajuda: à Deus, à um profissional especializado, o que seja necessário para seguir em frente. O fato é que muitos não querem sair deste lugar.
Senti, por outro lado, que esta mulher entendeu. Ela sorriu e se emocionou novamente, repetiu incontavelmente muito obrigada e saiu.
Eu ainda fiquei mais um pouco naquela grande sala vazia, sentindo meu coração cheio de gratidão por aquela oportunidade tão especial.
E você, já teve uma experiência assim?