
A competência dá sorte
A tradição dos povos antigos se espalhou pelo mundo moderno e a crença popular assimilou que o trevo-de-quatro-folhas significa sorte para quem o encontra. Embora o nome científico sugira três, dificilmente alguém consegue achar a planta com quatro extremidades quase idênticas. Nas civilizações antigas, o número quatro está associado à sorte. No meio de tantos desencontros entre a sorte e o azar, o trevo-de-quatro-folhas surge como uma imagem que pode ser associada às festas de Natal e à passagem do ano, mas tudo seria muito cômodo se pudéssemos entregar o destino às graças da sorte. Em pelo menos uma das folhas do trevo, a competência precisa ser inserida para que as empreitadas tenham sucesso. Se a competência ninguém questiona, a sorte sempre encontra quem não acredita nela. A metáfora da sorte ou do azar se parece muito com o jogo de tênis. A bolinha que bate na ponta da rede cai para que lado?
Difícil vencer o jogo da vida sem essa dobradinha. A competência e a sorte precisam andar de mãos dadas no nosso cotidiano. O feeling para lidar com situações adversas, a paciência para saber escutar, a cabeça fria para estudar alternativas e a convicção para tomar decisões estão na folha da competência. Sutil e imperceptível a olhos desatentos, a sorte também anda solta por toda parte. Instala-se na gentileza, espelha-se no olhar afirmativo, inspira-se no bom humor e sente-se estimulada pelo alto astral. Não dá para embarcar de olhos fechados nas teorias dos livros de autoajuda. Desassistidos, o pensamento positivo e a sorte não são suficientes para remover as montanhas do caminho. Como não se pode menosprezar os fatores externos, aqui é necessário abrir um novo parágrafo para escrever sobre a competência.
O profícuo Houaiss diz que o verbete autoriza o indivíduo a expressar um juízo de valor sobre algo a respeito de que é versado. Sábia definição, mas nem é preciso buscar a erudição da gramática para captar o conceito. A competência define-se como a soma das habilidades, a capacidade para adquirir e organizar os conhecimentos para agir com coerência. O futuro do ano que está entrando não estará nas mãos dos tecnicistas cujas habilidades se resumem em reproduzir comandos sem massa crítica. A tecnologia está limando as atividades mais elementares. Os novos espaços serão ocupados pelos competentes que tenham capacidade de analisar cenários, traçar planos e vislumbrar novas oportunidades. Por este viés, a sorte não será obra do acaso, mas um bônus do trabalho, da dedicação e da própria competência. As benfazejas ações do destino estão nas coisas simples, na gentileza, no cuidado e até na forma de compartilhar. Você até pode duvidar, mas a sorte é uma “ciência” sem fronteiras. O dia de hoje e os próximos 365 dias do ano podem ser os seus dias de sorte, mas é necessário que você procure por ela. Sorte atrai sorte e se confunde com o desejo de comemorar e sentir-se realizado. A sorte se esconde na simplicidade, na surpresa do olhar e no desejo de vencer. A sorte faz bem para a alma e alma se alimenta dela. Em 2014, faça o que estiver ao seu alcance, seja competente para caminhar de mãos dadas com ela. Feliz Ano Novo e que a sorte te acompanhe.