A Feira do reencontro

A Feira do reencontro

Por si só, a palavra feira remete ao encontro de pessoas, ao barulho de gente falando e ao incessante vaivém do público. Depois de dois anos on-line por causa da pandemia, a Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, em sua 21ª edição, volta ao coração da cidade para deixar ao alcance da mão e dos olhos o contato com os livros, com os escritores e os eventos culturais. Embora a tecnologia digital possa encurtar distâncias, aumentar o acesso ao conhecimento e melhorar as condições de vida, nada substitui o calor dos encontros humanos, a sensibilidade da mão que toca os livros e o contato direto com o autor e sua obra. 


Para espraiar a cultura pela cidade, a Feira também se espalhou pela praça, pelos teatros e pelas bibliotecas. Na sua temática, resgata a brasilidade que despontou há 100 anos na Semana de Arte Moderna Moderna. Com o slogan, “Do Caburaí ao Chuí, a Força da Literatura Brasileira”, a Feira une os extremos em sua diversidade que se espalha pelos estados. Nesse rico mapa da literatura regional que cruzou fronteiras, a Paraíba está homenageada com a cultura popular de Ariano Suassuna, a Bahia com os personagens de Jorge Amado, o Rio Grande do Sul com a força da narrativa de Érico Veríssimo, São Paulo pelo modernismo de Mário de Andrade e Goiás com a simplicidade dos versos de Cora Coralina. Essa literatura num país com dimensões continentais permite que cidadãos de localidades distantes se aproximem e se reconheçam. Juntos, escritores locais, artistas, poetas, músicos, professores e estudantes compõem o extenso e amplo arco da diversidade, característica maior da cultura brasileira. No total serão mais de 200 atividades, entre salões de ideias, shows musicais, performances, debates, oficinas e workshops contemplando públicos de todas as idades. Ressalte-se que todos esses eventos são gratuitos.   


Além de seus inúmeros atrativos artísticos e culturais, a Feira deste ano, de 20 a 28 de agosto, fura o cerco do distanciamento e traz de volta o calor humano cada vez mais disperso pela expansão do digital. Esses nove dias permitirão o reencontro, a reconexão presencial do público com a cultura e a literatura. Desse contato humano brota o seu maior legado com valor intangível e imensurável. As sementes da leitura que há duas décadas formam uma legião de leitores que descobrem novos universos através da literatura. Apesar da redundância, é o Brasil se reconhecendo na sua brasilidade. É o leitor se reconectando com os livros e a literatura. 

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