Abatido pelo preconceito

Abatido pelo preconceito

Quando se fala das estrelas mundiais da música, Michael Jackson, Freddie Mercury ou Elvis Presley logo se imagina que não existe mais nada a respeito de um ídolo do rock que já não se saiba. O diretor do excelente filme de Elvis Presley, Baz Luhrmann, em cartaz no país, resgata uma antiga máxima que inclusive orienta o jornalismo: sempre é possível recontar uma história antiga e pública de um jeito diferente. 

 


Se a vida de Elvis já foi contada e recontada, Luhrmann, que já experimentou o sucesso com “Moulin Rouge”, decidiu revisitar o passado do roqueiro a partir do empresário Tom Parker, personagem de Tom Hanks, que comandou a carreira de Elvis. O filme revela a inspiração de Elvis na música negra à descoberta de um jeito arrebatador de cantar e de dançar o rock. Essas são justamente as duas grandes virtudes do artista que entram em choque com a ala conservadora sociedade norte-americana. No final das contas, esse embate provocará a derrocada da vida pessoal do rei do rock. A ligação com os negros, à música gospel e ao blues, aliado ao gingado das pernas, despertaram uma forte reação dos conservadores e dos militares que classificavam o ousado rock de Elvis Presley como uma ofensa aos valores da família. Nas décadas de 50, 60 e 70, na vida real, o coronel Parker sempre tentou manter Elvis longe da problemática social, da sociedade dividida pelo preconceito. Pressionado a não desafiar o status quo, o cantor chegou a sucumbir por um período, mas com o apoio dos fãs logo reagiu a essa censura.

 


Logo que desafiou o sistema, sentiu na pele a força e o peso da repressão. Foi obrigado a se alistar e destacado para servir ao Exército na Alemanha, longe da família e da música. Nesse período em que esteve no Exército, sua mãe, com quem tinha uma forte ligação, começou a beber e faleceu de desgosto. Elvis se sentiu culpado pela sua morte. A partir daí sua vida pessoal foi degringolando com a bebida e as drogas. Viveu um processo de autodestruição fulminante, chegou a pesar 115 kg, que culminou com a morte precoce, aos 42 anos, em agosto de 1977, devido a um ataque cardíaco. A ascensão e a queda de Elvis reveladas no filme mostram que o preconceito e o conservadorismo exacerbado estão enraizados na sociedade americana com força suficiente para destruir até mesmo um ídolo mundial do rock. 

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