Cidadania proativa

Cidadania proativa

Já faz certo tempo que o conceito de cidadania ganhou força como uma resposta aos problemas recorrentes que os espaços urbanos enfrentam. As más administrações, o crescimento desenfreado das despesas públicas e as sucessivas crises econômicas foram exaurindo as finanças dos municípios que priorizam os problemas mais urgentes, deixando de lado questões ligadas à manutenção e à zeladoria urbana. Quem anda pelas ruas e avenidas da maioria das grandes cidades brasileiras encontra buracos, lâmpadas quebradas e espaços públicos deteriorados. Faltam recursos para cuidar, por exemplo, de praças e de áreas verdes com o esmero e a periodicidade que o meio ambiente merece.

Para mudar esse panorama, grupos de moradores tomam a iniciativa de arregaçar as mangas para cuidar de espaços públicos com maior assertividade. Em Ribeirão Preto, essa tendência já ocorre em várias regiões da cidade com ações organizadas para o plantio de árvores e a limpeza do meio ambiente. Uma dessas iniciativas, que está completando um ano com resultados bem visíveis e positivos, é a revitalização da tradicional Praça das Mães, no bairro Jardim Califórnia, próximo ao RibeirãoShopping. A praça recebeu esta denominação por um projeto de lei do vereador Wilson Nogueira Santiago, em 1977, para homenagear as mães. A inauguração um ano depois teve a presença do ex-prefeito Antonio Duarte Nogueira.

Quem passeia pela Praça das Mães encontra um espaço bem cuidado, sem sujeira, com jardins ornamentados, placas educativas e árvores podadas. Os donos de animais encontram reiterados avisos para que limpem a sujeira dos pets. Dá gosto circular por um ambiente limpo e bem organizado, andar de bicicleta ou sentar nos bancos para conversar. Durante a semana, grupos se reúnem para participar de atividades físicas. Nos finais de semana, famílias inteiras se distraem na praça. Esse resultado pode ser alcançado graças à iniciativa de moradores do bairro que se organizaram para cuidar do espaço. Hoje, vinte e sete famílias do Jardim Califórnia fazem uma contribuição mensal para pagar três jardineiros que cortam a grama, cuidam das flores e da poda de galhos. Para atrair os passarinhos, foram plantadas espécies frutíferas como ameixeira, nespereira, pitangueira e goiabeira. Uma vez por semana, a Prefeitura lava a calçada. Completam a lista de atrativos da praça, as bancas do Chico da Garapa e das delícias mineiras do seu Francisco Carlos Melo. A venda de verduras frescas da banca do Ricardo também é um ponto forte que atrai moradores das redondezas.

Estão à frente do grupo de moradores, o engenheiro agrônomo Jeferson Mineli e o gerente comercial aposentado, Luiz Henrique Gibim que recebem as contribuições, pagam os prestadores de serviço e cuidam da parte operacional. Gibim trabalha para criar um espaço que os moradores tenham orgulho de frequentar e trazer os filhos para brincar. “Quando todos se unem, podemos alcançar um bem-estar coletivo. À medida que se torna um local limpo, seguro e atraente, a praça se transforma em ponto de referência para criar laços de amizade entre vizinhos”, comenta Gibim. No futuro, o líder comunitário pretende organizar exposições, feiras de artesanatos e de doações de animais. Se a pandemia permitir, ainda este ano planeja fazer uma festa julina. Há ainda outro benefício importante que resulta dessa ação comunitária, a famosa teoria das janelas quebradas. O caos e a desordem aumentam a degradação. O inverso também se torna verdadeiro. Ambientes limpos e organizados tendem a ficar mais protegidos, espantando o vandalismo e a depredação. De quebra, ações conjuntas com objetivos nobres rompem com o comportamento individualista e melhoram significativamente o mundo que nos cerca.

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