Confirme o voto

Confirme o voto

O segundo turno da eleição presidencial foi um dos mais disputados nesta fase da redemocratização com dois candidatos com chances reais da vitória. Os votos dos indecisos, dos eleitores que votam em branco e a eventual presença dos eleitores desinteressados, aqueles que costumam não comparecer às votações, decidirão a eleição. Os votos em branco, nulos e as abstenções chegam a 25%, um respeitável contingente de 35 milhões de eleitores diante do total de 142 milhões de brasileiros aptos a votar. Se você está pensando em não votar, hora de rever a decisão e tomar uma posição. Seu voto poderá fazer falta. Nos últimos dias, as pesquisas eleitorais apontavam oscilações no desempenho dos candidatos. Se o resultado estiver dentro da margem de erro, a corrida deve ser decidida no fotochart.

Longe de ser um debate propositivo, a campanha do segundo turno exacerbou os ânimos dos correligionários do PT e do PSDB, partidos que desde 1994 são os principais postulantes ao poder. Apareceram golpes baixos de ambos os lados. O primeiro turno mostrou que o expediente da calúnia, da difamação, da distorção deliberada dos fatos ainda funciona e tira votos. Marqueteiros e candidatos apostam na desinformação do eleitor. Por isso, o artifício de atribuir uma medida impopular ao concorrente continua sendo largamente utilizado nos comerciais da campanha, inseridos durante a programação ou nos próprios programas eleitorais. Repare que o golpe baixo, o ataque ao adversário, está sempre na boca dos artistas de cinema e de teatro, quase nunca na pessoa do próprio candidato que terceiriza o jogo sujo. Apesar disso, o processo vai se aprimorando e em eleições futuras o eleitor deve avaliar a validade dessa tática. 

A disputa equilibrada no segundo turno reacendeu uma rivalidade que em outras eleições não ocorreu com tanta intensidade. Se a baixaria onipresente na campanha foi o aspecto negativo, esse talvez seja o principal diferencial positivo desta eleição. A possibilidade concreta de cada eleitor influir no resultado mexeu com os ânimos dos militantes, cabos eleitorais e simpatizantes dos dois partidos. O peso dessa decisão para o futuro do país suscitou discussões nas rodinhas entre familiares e amigos, polêmicas nas redes interativas e mobilizações nos grupos sociais com o objetivo de influenciar o voto. Assim, chegou a hora de responder a pergunta mais importante para os próximos quatro anos. Dilma ou Aécio? Pelo que mostram as pesquisas, a grande maioria já definiu o voto, mas tem muita gente que mantém o padrão comportamental brasileiro e deixa a decisão para a última hora, no sábado à noite ou se define nos passos que antecedem a chegada à cabine eleitoral. 

Refletindo um pouco sobre a questão, chega-se à conclusão que não é muito difícil decidir em quem votar. Para simplificar a tarefa, basta votar em um candidato (a) à presidência República que não seja leniente com a corrupção, que não aparelhe o Estado e a administração pública a serviço de um partido ou de interesses privados. Sufrague um postulante que priorize a meritocracia em detrimento do apadrinhamento político. Eleja alguém que zele pelo dinheiro público como se ele fosse o seu. Escolha um político que não deixe as obras inacabadas pelo caminho e que transforme a educação e a cultura em prioridades reais. Prefira alguém capaz de encontrar uma fórmula melhor que a do fator previdenciário para calcular as aposentadorias. Digite na urna um nome comprometido com a reforma política e tributária para diminuir o peso da cobrança de impostos e da máquina necessária para fazer a arrecadação. Digitando só dois números, selecione um indivíduo preocupado com a questão ambiental cujos os efeitos são cada dia mais assustadores. Seja claro, tecle na urna os números de um representante que seja avesso às altas taxas de inflação e à ciranda de juros. Apoie um candidato (a) que não se renda facilmente às barganhas das velhas oligarquias que comandam o Congresso Nacional. Encaminhe para a presidência uma pessoa disposta a encontrar soluções novas e inteligentes para antigos problemas como a reciclagem de lixo. Unja com seu voto um ente que se comprometa a investir em redes de água e de esgoto para que essa infraestrutura básica seja uma realidade para todos os brasileiros. Para gabaritar a escolha, privilegie um ser político que vá trabalhar pela distribuição de renda como uma estratégia de longo prazo para substituir a mera concessão de benefícios sociais, sem a exigência de contrapartidas.

Se você, com convicção, encontrou um representante com esse perfil entre os dois postulantes, meus parabéns! Caso você não se sinta representando nem pelo 13 e nem pelo 45, mesmo assim não desperdice o voto e siga a lógica proposta pela votação em dois turnos. Confirme o postulante que possa colocar algumas dessas ideias em prática. Na pior das hipóteses e das avaliações, vote naquele que você considera que será o menor dos males, pois, a despeito de seu desencanto, um dos dois governará o Brasil pelos próximos quatro anos, exercendo uma influência direta na qualidade da sua vida.

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