Conteúdos interessantes

Conteúdos interessantes

Além da condição de humanos, há uma outra vinculação que nos iguala indelevelmente: somos todos consumidores, muito antes da intrínseca condição de eleitores ou de cidadãos. Só fica fora dessa regra aquela parcela da população que vive em petição de miséria, excluída do mercado de consumo pela má distribuição de renda.

 Em Ribeirão Preto, os últimos levantamentos revelam que há aproximadamente 20 mil pessoas vivendo em 35 núcleos de favela, sem renda fixa e com ganhos insuficientes para viver com a mínima dignidade. Todos os demais cidadãos são alvos da propaganda e dos efeitos de sua profunda revolução. Depois de muitos anos de bombardeio intenso, os consumidores adquiriram “know-how”, criaram alguns escudos para fugir dos disparos da propaganda e não se deixam mais influenciar facilmente.

Já estão vacinados contra alguns mecanismos. A grande novidade é que a atenção diminuiu. Estamos cada vez mais dispersos com dificuldades para nos concentrar no foco. As fontes de entretenimento se diversificaram, a vida ficou comprimida e ninguém está a fim de ser um consumidor passivo das mensagens comerciais. Há na praça uma carência generalizada de tempo. Isso explica a explosão do twitter com a comunicação restrita a 140 caracteres ou as notícias de TV condensadas em “longos” 15 segundos.Com consumidores cada vez mais exigentes, a eficácia da mensagem depende do interesse que o conteúdo desperta. Essa é a receita mais simples para prender a atenção do consumidor, nas suas versões de telespectador, leitor, ouvinte ou internauta, embora conteúdos de qualidade custem mais caro.

Quem já não passou pela ingrata experiência de tentar assistir a dois ou três programas ao mesmo tempo zapeando nos intervalos comerciais? A propaganda em qualquer meio continua funcionando desde que seja relevante para a audiência que se fragmenta a cada dia. Os núcleos familiares estão ficando menores e mais ricos e hoje já incluem padrasto, madrasta, os casais de mesmo sexo e os de dupla renda. Vem aí a quarta onda do marketing. A propaganda boca a boca (buzz marketing) e os contatos acidentais com as marcas emergem como as mais poderosas ferramentas de promoção.A mídia não é mais uma experiência unidimensional, o reinado clássico da comunicação com um emissor e um receptor foi deposto, o voyeurismo é “out”, a imersão é “in”. Os lábios dos consumidores são o melhor canal para o contágio do marketing viral.

Agora, a escolha da marca ocorre após uma detalhada consulta aos amigos e aos familiares mais próximos. Dessa mudança deve emergir um novo conceito de comunicação das marcas com mais espaço para a criação da mídia de baixo para cima, sepultando os planejamentos executados só de cima para baixo.Esse novo perfil de consumidor navega pelo mundo das marcas de carona com parceiros e amigos. Já que a vida não é uma repetição, a comunicação precisa fazer de tudo para não ficar com a cara de rotina monótona. Como diz aquela propaganda do desodorante Axe Twist (https://www.brainstorm9.com.br/2010/01/21/axe-twist-robot/), as mulheres se entediam facilmente. Mude constantemente a sua fragrância para que o seu aroma continue despertando desejos. 

Compartilhar: