
Efeitos do palavrão
O show de palavrões na reunião ministerial do dia 22 de abril, por coincidência data do descobrimento do Brasil, criou a mais nova polêmica do país. Há limites para dizer palavrões? Os que defendem seu uso afirmam que isso é o de menos entre questões maiores, pois a grande maioria das pessoas costuma falar no dia a dia. Outros entendem que os palavrões devem ser evitados, pois denotam falta de educação e de civilidade. Pior ainda se endereçados às altas autoridades do país. Na polêmica reunião, os impropérios mais pesados partiram, por ironia do destino, do ministro da Educação, Abraham Weitraub, que chamou de vagabundos (as) os ministros do Supremo Tribunal Federal. Lembrando que o STF é formado por nove homens e duas mulheres, todos idosos, acima dos 60 anos.
No mundo empresarial, os palavrões que eram uma prática comum não são mais permitidos e recomendados. A Justiça do Trabalho configura como assédio moral o comportamento de chefias que se dirigem aos subordinados aos gritos e com palavras de baixo calão. Nas escolas e nas universidades, em qualquer nível, o conceito dos professores cai se usarem palavrões com frequência em sala de aula. Qual pai ou mãe gostaria que seu filho estudasse em uma escola em que os mestres destilam, diariamente, uma coleção infindável de impropérios diante dos estudantes? Até mesmo nos estádios de futebol começou um movimento contra os xingamentos exacerbados de adversários. Descobriu-se que há uma distância muito curta entre as obscenidades usuais e as agressões dirigidas à orientação sexual, à raça e a cor da pele. Nas redes sociais, os palavrões se tornaram habituais em qualquer comentário, acabando com qualquer possibilidade de um diálogo produtivo. Afinal, nada se constrói na base da ofensa e do xingamento.
Sobra para o palavrão o universo privado, onde cada ser humano é livre para escolher o seu vocabulário, mas até mesmo nesse universo íntimo é preciso medir as palavras se houver alguém por perto. Vale lembrar que os palavrões são termos ofensivos e sinônimos de descortesia, menosprezo, desconsideração, desacato, grosseria, ultraje, desrespeito, hostilidade, indelicadeza e ainda provocam muita dor e mal-estar.