A Informação que Salva

A Informação que Salva

O pouco uso da palavra pandemia já dá ideia do ineditismo dos dias atuais. A era cristã tem dois mil anos, mas a humanidade nunca havia enfrentado um inimigo tão poderoso que num mundo globalizado pega carona com seres humanos para disseminar uma doença que pode ser mortal. Em poucos dias, tudo mudou e a sociedade sentiu o peso e as consequências do que significa um isolamento social. Entre tantas mudanças tão bruscas, uma certamente deverá permanecer depois que a pandemia passar. A forma de olhar o mundo certamente não será mais a mesma. Quando tudo está dentro da “normalidade”, muitas circunstâncias importantes passam despercebidas. A crise do coronavírus reforçou a ideia de que o ócio só tem sentido se estiver acompanhado do trabalho. Dá para arriscar que hoje o principal desejo dos seres humanos seja readquirir a tranquilidade de poder respirar livremente, sem o risco de ser contaminado.

Outra mudança tem a ver com a importância de algumas profissões que até então não tinham tanta relevância social. Os olhos da opinião pública brilhavam mais para celebridades, artistas e jogadores de futebol. A crise do coronavírus revelou a importância dos profissionais da saúde, dos repositores de supermercado, dos entregadores, dos lixeiros, dos caminhoneiros, dos trabalhadores das empresas de água e energia elétrica e dos agentes de segurança. A pandemia também resgatou a relevância do trabalho dos profissionais da comunicação e dos jornalistas que, nos últimos tempos, se tornaram alvos  de ataques agressivos e infundados. Principalmente nas redes sociais, a mídia virou a grande vilã, culpada por muitas desgraças que aconteceram no mundo. Na carona, proliferam milhares de teorias da conspiração desprovidas de fundamento científico e de veracidade.

Ao contrário do que propagam as fake news e a boataria ensandecida, a informação apurada pelo jornalismo profissional junto a autoridades, a cientistas e a profissionais especializados faz toda a diferença até mesmo para salvar vidas. Um cidadão bem informado, sem chavões e teorias estapafúrdias, é uma pessoa mais consciente, capaz de decidir sobre a própria vida com lógica e racionalidade. Não há nada de novo em relação à importância do conhecimento. Independentemente da fé e das crenças religiosas de cada um foi a evolução do conhecimento científico que permitiu a humanidade chegar até aqui, tendo a ciência como referência.

Foi dentro dessa lógica que em dezembro do ano passado, a “mídia” deu destaque para uma estranha morte por coronavírus no interior da China. O vírus mutante passou de algum animal para o ser humano, dando início a um rápido e devastador processo de contaminação. Autoridades entrevistadas pela imprensa do mundo inteiro alertavam que o coronavírus tinha um alto poder de disseminação podendo matar milhares de pessoas, se medidas urgentes não fossem adotadas. Uma forte reação veio em seguida. “Imprensa alarmista”, “exagero infundado” foram algumas das manifestações contrárias. Enquanto alguns governos tomaram providências para combater a pandemia, outros dirigentes ignoraram os avisos dos cientistas, caso da Itália, da Espanha e dos Estados Unidos. No Brasil, mesmo que o presidente tenha minimizado a doença que chamou de “gripezinha”, o próprio Ministério da Saúde, governadores e prefeitos impuseram o isolamento social. O primeiro ministro da Inglaterra, que desdenhou da pandemia no começo, acabou hospitalizado. 

 Jornais, revistas, sites, emissoras de rádio e TV passaram a divulgar massivamente informações para a população se precaver. Uma overdose necessária de notícias sobre um mesmo assunto, mas mesmo assim ainda tem muita gente afirmando que há um exagero nessas notícias e “que a situação não é tão grave assim”. No dia em que esta coluna estava sendo escrita, pela primeira vez, o vírus matou 100 pessoas no Brasil, confirmando a previsão que o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta havia feito. Segurando uma caneta na posição vertical, Mandetta previu que, em abril, a pandemia no Brasil atingiria o pico com milhares de casos e centenas de mortes. Nessa escalada, os Estados Unidos quebraram o recorde assustador de duas mil mortes em um único dia. Nesse período conturbado, os sites dos veículos registraram aumentos significativos no número de acessos. Em março, o Portal da Revide teve 690.000 visualizações com aumento de 30% ante fevereiro. Já o número de usuários cresceu 18%. Um sinal evidente de que a maioria silenciosa da população sabe onde encontrar informação profissional e confiável.

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