
Não compre além do que você precisa
Parece que os comerciantes já estão repensando a estratégia que a priori parecia extremamente vantajosa. Na semana que passou, alguns donos de restaurantes e de lojas especializadas já não viam com a mesma empolgação a última febre da internet: os sites de compras. Em menos de seis meses, surgiram mais de 30 no país que diariamente enviam ofertas tentadoras para os internautas cadastrados.
No mundo de hoje não faltam apelos de consumo. No entanto, o comprador não pode ser fisgado como um peixe e precisa agir com a devida responsabilidade orçamentária. Não pode se deixar levar pela emoção e deve decidir as compras com o equilíbrio suficiente para não estourar o seu orçamento e se endividar na praça. E olha que o Natal está aí! Não esqueça que os dolorosos IPTU e o IPVA vêm logo a seguir, aparecem assim que o papai Noel guardar o presépio e as bolinhas de Natal.
Portanto, compras feitas com cautela são consumadas após uma criteriosa avaliação das necessidades, das qualidades do produto e das condições de pagamento. Assim, quando o internauta comprador não controla aquele impulso instintivo, arrisca adquirir produtos supérfluos ou contratar serviços que não precisa, pelo menos naquele momento.
Mais a mais, as empresas que participam dessa estratégia de venda e oferecem na rede produtos com grandes descontos correm o risco de ficarem em maus lençóis com os compradores habituais. Como será que se sente o cliente assíduo do restaurante, que paga até mais de R$ 100,00 para degustar o suculento bacalhau, ao ver que o mesmo prato será comprado por menos de R$ 50,00 pelos internautas que visitarão o estabelecimento pela primeira vez?
Empresas não costumam abrir seus custos, mas certamente que descontos tão significativos, em alguns casos chegam aos espantosos 90%, reduzem drasticamente a margem de lucro. As compensações seriam a redução da ociosidade para buscar o retorno no grande volume de vendas, além da esperança de fidelizar clientes ocasionais. Produtos com preço muito baixo costumam atrair compradores extemporâneos, interessados apenas em uma boa barbada.
O negócio deve ser rentável para os mentores das empresas virtuais que operam com baixíssimos custos operacionais, apenas intermediando o contato entre compradores e vendedores e divulgando a triangulação. Não há dispêndio de insumos e de matérias primas. Não é à toa que o e-commerce acumula crescimentos exponenciais no país. Por natureza, o brasileiro é um povo tentado a querer levar vantagem, mas o consumidor precisa verificar se realmente precisa adquirir o produto ou se está apenas querendo aproveitar uma promoção para adquirir algo que vai muito além das suas reais necessidades.