Não pague para ver

Não pague para ver

Quando a crise do coronavírus se instalou ninguém sabia ao certo o que aconteceria. A imprensa e as autoridades mais responsáveis alertaram sobre o perigo da pandemia sair do controle. Os que lá atrás pintavam um cenário pessimista foram chamados de alarmistas, exagerados e manipulados por interesses escusos e teorias conspiratórias. As redes sociais foram inundadas por fake news, dizendo que tudo não passava de uma grande invenção da “mídia sensacionalista”.

O tempo passou e a crueldade dos números foi se impondo dia após dia num festival de cenas dantescas. Os hospitais nas regiões mais afetadas ficaram abarrotados, os profissionais da saúde, coveiros e motoristas de ambulâncias se contaminando aos montes. Nos cemitérios, as covas passaram a ser abertas por retroescavadeiras. Familiares estão sendo obrigados a enterrar os entes queridos às pressas. Câmaras frigoríficas instaladas na porta dos hospitais para armazenar corpos que demoram para ser  sepultados. Parentes de pessoas doentes implorando por atendimento. Médicos e enfermeiros se arriscando e trabalhando no limite. Os cartórios registram um número anormal de óbitos, expondo a subnotificação por falta de testes. Significa que muita gente está sendo enterrada sem que se saiba qual a causa da morte. Portanto, o número de mortos do coronavírus está subnotificado.

O Brasil supera a China em números de casos e as estatísticas revelam uma tendência de crescimento que pode colocar o país na lista dos mais afetados pela pandemia. Do alto da sua “sensibilidade”, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump faz uma declaração surpreendente e diz “que está preocupado com o futuro do Brasil”.  Em São Paulo, os especialistas alertam que depois do aumento do número de casos na capital, nas próximas duas ou três semanas, o vírus vai aparecer com mais força no interior. Por precaução, a Justiça cassou os decretos de reabertura de cidades como Ribeirão Preto, Cravinhos e Sertãozinho. Todas essas evidências indicam que não é hora de pagar para ver. Por ora, teremos que aguentar a quarentena até 10 de maio.

Foto: Pixapay (Imagem Ilustrativa)

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