A Neura da Clausura

A Neura da Clausura

De tanto ser usada, a neura foi incorporada ao vocabulário do dia a dia. Segundo os dicionários, a expressão deriva de neurastenia que significa disposição irratadiça, um estado de inatividade ou fadiga extrema que afeta tanto a parte física quanto a intelectual. Para alguns se manifesta num pessimismo que beira o azedume. Alguém reconhece alguns desses sintomas? Desde que o isolamento social foi decretado grande parte da população passou a conviver diariamente com a clausura, muito próxima da solidão, e com diferentes doses de neura. De uma hora para outra, por conta do coronavírus, a humanidade redescobriu a importância dos beijos e dos abraços, sentiu falta das confraternizações e já tem saudade do convívio social. No momento, há um anseio generalizado pela volta do direito de respirar livremente e de colocar as mãos em objetos sem medo de contaminação.

De forma consciente ou inconsciente, os seres humanos tendem a transformar os seus mais ardentes desejos em argumentos. No meio desse processo misturam argumentos racionais para legitimar a emoção. No momento atual, todo mundo gostaria de voltar, imediatamente, a sua condição natural, principalmente por causa do alto prejuízo social e econômico que a pandemia está provocando. Quando será possível retomar as atividades com segurança, sem correr o risco de perder todo o esforço feito até aqui? Pergunta difícil de responder, mas de novo é preciso ouvir a voz da razão que neste momento se expressa nas informações passadas pelos médicos e cientistas, divulgadas pelo jornalismo profissional. Segundo os especialistas em saúde, esse dia chegará quando a contaminação arrefecer, quando o número de pessoas infectadas e mortas diminuir e quando a rede pública de saúde não estiver sobrecarregada e tenha condições de atender quem precisa de assistência. Nesse dia, a primeira onda da pandemia terá sido quebrada. Fica a torcida para que esse dia chegue logo.

 

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