Números que assustam

Números que assustam

Até aqui, era ponto pacífico. Quem ficava doente, recorria aos médicos. Se não tivesse certeza do diagnóstico, podia ouvir mais opiniões para decidir com mais convicção sobre uma questão crucial de saúde. O mesmo raciocínio valia para os remédios prescritos pelos médicos que por sua vez se baseiam em estudos científicos validados por instituições renomadas. Quando o vírus surgiu na China, jornalistas e profissionais da comunicação não saíram pregando por conta própria o distanciamento social e outras medidas de proteção à saúde. Pelo mesmo raciocínio era preciso ouvir o que recomendavam os representantes da ciência: epidemiologistas, especialistas em pandemia e infectologistas. Com raras e duvidosas exceções, a maioria desses profissionais de cabelos brancos recomendou as medidas que foram colocadas em prática com algumas idas e vindas. 

Infelizmente, ainda tem muita gente espalhando complôs imaginários, recomendando remédios sem comprovação científica e menosprezando as medidas de isolamento social. Um desrespeito acintoso e grave que começa pelo presidente da República e vai até o cidadão comum. Diariamente, o Brasil tem registrado uma média de mais de 1.000 mortes e mais de 40 mil pessoas contaminadas. No Estado de São Paulo, a média tem sido de 300 mortes diárias. Ribeirão Preto segue com a mesma tendência com ocupação de mais de 90% das UTIs e mais de 200 mortes nesses três meses. Em um único dia, a cidade registrou 10 óbitos. A UPA da 13 maio, onde são atendidos os casos de coronavírus, vive lotada com uma imensa fila no lado de fora. 

Durante a pandemia, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), cujo reitor, Pedro Hallal é doutor em epidemiologia, fez uma projeção sombria. Com base nas pesquisas da UFPel em 133 cidades do país, até agora apenas 5% da população brasileira foi infectada. Não se sabe qual a porcentagem da população que o vírus poderá atingir, mas se chegar, por exemplo, a 50% o número de óbitos poderá ser 10 vezes maior que os 67 mil atuais. No começo da pandemia, sem as medidas de isolamento, alguns estudos previam até um milhão de mortos pelo coronavírus. Por ora, esses números são uma previsão com base na estatística que pode ou não se confirmar, dependendo das medidas adotadas e do comportamento da população. Mantida a tendência atual, o Brasil deve ultrapassar em breve a trágica marca dos 100 mil mortos, o que implica em dor e sofrimento para milhares de famílias. Os números mostram que não tem sido uma boa tática duvidar da letalidade do coronavírus.

 

Foto: Pixabay (Imagem Ilustrativa)

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