
O balanço da cidade
A cada fim de ano torna-se imperioso fazer uma conferência para verificar se as metas que foram propostas no ano passado tiveram algum grau de resolução. Os balanços de uma cidade servem para mostrar se houve avanços ou retrocessos. As análises definitivas são feitas de quatro em quatro anos, quando os eleitores avaliam o desempenho do governo e escolhem uma nova administração.
Em Ribeirão Preto, o ano que ora se encerra ficará marcado pela mais grave crise na área da saúde dos últimos 20 anos. O maior sintoma do caos na saúde foi a epidemia de dengue que registrou mais de 30 mil casos. Mortes ocorreram e milhares de pessoas conviveram com os terríveis sintomas da doença. Ano após ano, a dengue continua impondo derrotas ao poder público e à população, ambos dividem a responsabilidade pela reincidência da epidemia.
Os órgãos da saúde revelam que, diariamente, são encontrados criadouros em pratos de vasos que as donas de casa costumam encher de água, o que serve para manter a infestação do mosquito. De 20% a 40% dos casos estão relacionados à água parada nos vasos, um descuido bem caseiro. Com o calor e a chuva, o perigo está de volta neste começo do verão. Da parte do poder público, falta uma ação mais efetiva capaz de tirar a dengue do mapa.
Mas esse não é o único mal que afeta a saúde. Sobraram denúncias e ocorrências de mau atendimento e falta de leitos para internações. Muitas vezes, em uma cidade com orçamento de R$ 1,4 bilhão, a população teve de recorrer aos órgãos de imprensa e à própria polícia para ser atendida.
Contudo, o ano não teve só más notícias. A cidade recebeu generosas verbas do governo federal para solucionar o histórico problema das enchentes. Na última enxurrada registrada no começo de dezembro, a região da baixada, perto do Mercadão, passou incólume. O grande volume de água se deslocou para o córrego Saudoso, na Francisco Junqueira. Depois desse pluviométrico teste, notou-se uma melhora significativa nas regiões que costumavam ser as mais atingidas pela chuva. Entretanto, a solução definitiva do problema ainda está longe de ser alcançada. Ribeirão Preto já recebeu, através do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), cerca de R$ 100 milhões, mas algumas estimativas apontam que o custo total da obra consumirá mais de R$ 500 milhões. Barragens de contenção precisam ser construídas nas margens do córrego Ribeirão Preto.
Outro aspecto que preocupa a todos os moradores da cidade é a cor vermelha do balanço das finanças públicas municipais. A administração deve terminar o ano com um déficit de R$ 100 milhões. A última pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a população de Ribeirão Preto aumenta em 100 mil moradores a cada década. Registrando déficits nas suas contas, a Prefeitura não terá recursos para investir e acompanhar a intensa expansão imobiliária que se verifica na cidade há 10 anos. Bastou o calor de dezembro para que vários bairros da cidade ficassem sem água. O Daerp precisa aumentar a oferta de água, mas para isso é preciso investir na abertura de novos poços. Algumas decisões administrativas também precisam ser tomadas para melhorar o equilíbrio das contas, como a criação de uma controladoria, que chegou a ser anunciada pela administração este ano, mas que pelo jeito passou para a lista de intenções de 2011.