O calvário do Calçadão

O calvário do Calçadão

Todo o visitante que chega a uma cidade, seja a pé ou de carro, faz sempre uma pergunta clássica? Onde fica o centro? Para causar uma boa impressão nos turistas e criar um espaço de convívio, de circulação e de fomento ao comércio, a grande maioria das cidades brasileiras, incluindo as pequenas, tratam com zelo a área central, via de regra, o principal cartão de visitas da cidade. Embora hoje os consumidores e visitantes tenham a opção dos shoppings, o coração de um município bate no centro, que guarda lembranças e retrata um pouco da história da cidade. Sempre é um tradicional ponto de encontro de moradores, a cara de um município. O calçadão de Ribeirão Preto foi criado em 1992 e em 2002 foi ampliado até a rua José Bonifácio. Semanalmente, ao lado de uma cruz, um padre reza uma missa, uma vez que não são poucas as desventuras atuais.

Em Ribeirão Preto, o turista ou mesmo o ribeirãopretano que passar pelo centro tem uma impressão desagradável. Ao transitar pelo espaço encontra uma área descuidada, pouco atrativa visualmente, com descarte de lixo feito de forma inadequada, mau cheiro, pichações, sujeira e mendigos dormindo ao relento. Pessoas nessas condições precisam de assistência social e não podem ficar abandonadas em local nenhum, nem no centro. Andarilhos à procura de comida rasgam os sacos de lixo e esparramam a sujeira. Em tempos de crise, os comerciantes são prejudicados, pois a falta de estrutura afasta os consumidores, mas, muitas vezes, os próprios donos de estabelecimentos fazem o descarte irregular de caixas e de restos de comida, o que contribui para a degradação do ambiente. Um dos únicos aspectos positivos que podem ser ressaltados é a segurança que melhorou bastante desde que a Operação Águia foi lançada com câmeras de monitoramento. O número de ocorrências policiais teve uma redução significativa.

O calçadão deveria ser um dos principais pontos turísticos, mas hoje não apresenta atrativos para os ribeirãopretanos e os turistas. Os erros na sua criação são históricos. O piso foi mal escolhido e desde a inauguração já parecia encardido. A reforma realizada na administração da ex-prefeita Dárcy Vera deixou muito a desejar e teve enredo digno de novela mexicana. Demorou uma enormidade para ser concluída e consumiu recursos públicos sem que a reforma apresentasse melhorias significativas. Teve início em abril de 2012, com obras em galerias de águas pluviais, que já faziam parte do processo de revitalização do Centro, e só foi finalizada em julho de 2017. Além de não ficar com cara de novo, uma parte do piso apresentou desnível e a água acumula cada vez que chove.

Como se trata de um espaço público, seu uso precisa ser disciplinado para  evitar conflitos entre ambulantes, comerciantes, skatistas e ciclistas. A manutenção é outro problema que se arrasta. Apesar das diferentes administrações de prefeitos e de partidos, algumas questões, que teoricamente deveriam ser resolvidas com mais facilidade, se arrastam por anos, sem que ocorram avanços. Embora a Prefeitura Municipal tenha a maior cota de responsabilidade, as entidades e os próprios moradores devem contribuir para a solução do problema. A Associação Comercial e Industrial (ACIRP) já fez isso quando patrocinou a reforma dos banheiros. Como se poderá falar em desenvolvimento econômico, atração de novos investimentos e consolidação de um polo consumidor, se a cidade não consegue resolver um problema tão básico? Já passou da hora do calçadão de Ribeirão Preto ser revitalizado e cuidado de fato para compor junto com o Quarteirão Paulista e a Praça XV uma área agradável, atrativa para consumidores e motivo de orgulho para os ribeirãopretanos. 

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