O vácuo das lideranças

O vácuo das lideranças

O imediatismo e o alcance da visão falam mais alto, o eleitor está sempre mais interessado no que acontece no quintal da sua cidade em relação ao que ocorre no estado ou no país, embora as decisões dos três níveis de poder estejam intrinsecamente relacionadas. Daqui a um ano e meio, em julho de 2012, a sucessão municipal estará definitivamente aberta em Ribeirão Preto. Por enquanto, tímidas especulações sobre possíveis candidaturas, mudanças de partidos e alianças políticas surgem na cidade. A mais pública manifestação até agora foi protagonizada pelo deputado estadual do PSDB, Welson Gasparini, que sabidamente tem uma predileção por eleições.

No lançamento oficial da 11ª Feira do Livro, no Salão Nobre do Palácio Rio Branco, um ambiente muito familiar ao deputado, Gasparini fez um discurso que cruzou as fronteiras dos livros e da literatura e tangenciou os caminhos da sucessão municipal, deixando transparecer nas entrelinhas o fôlego e o “animus” para uma nova candidatura. Em 2012, o deputado estadual do PSDB estará com 76 anos, mas pela aparência e pelo apetite eleitoral a idade não será empecilho para uma nova empreitada política. 

Embora usualmente não faça manifestações públicas sobre o assunto, poucas pessoas duvidam que a prefeita Dárcy Vera deixará de disputar à reeleição. Recentemente, a revista Veja especulou sobre uma possível ida da prefeita para o novo partido que está sendo arquitetado pelo seu aliado político, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que articula a criação do Partido Democrático Brasileiro (PDB).

Mesmo com os desgastes provocados pela crise da saúde e pela epidemia de dengue e problemas urbanos, como os buracos nas ruas e as reclamações contra a qualidade do transporte coletivo, a prefeita desfruta de popularidade com o eleitorado, performance que a coloca na condição de favorita na próxima eleição. Recentemente, o Partido Verde realizou um encontro para discutir a deliberação da executiva estadual que determinou aos diretórios municipais que lancem candidaturas majoritárias nas próximas eleições. Outros partidos, grandes, pequenos e até os nanicos, farão o mesmo e devem lançar candidatos para ocupar espaços e aumentar as bases eleitorais, mesmo que a falta de nomes conhecidos do eleitorado diminua as chances de vitória.

O PT, outrora o mais poderoso partido da cidade, mais uma vez estará numa encruzilhada entre a retomada do poder e o ostracismo. Na última eleição, a bancada na Câmara de Vereadores encolheu de três para um. Além disso, desde que a sua principal liderança migrou de Ribeirão Preto para Brasília, o partido nunca mais conseguiu um resultado positivo em eleições municipais e gerais. Desde a fundação do Partido na cidade, só Antonio Palocci foi prefeito, deputado estadual e federal. Depois dele ninguém mais conseguiu se eleger para cargo algum. Uma vez que as lideranças mais conhecidas — Baleia Rossi, Duarte Nogueira e Antonio Palocci — migraram para esferas superiores de poder, há na cidade o que se poderia chamar de um vácuo de lideranças para a disputa de um pleito que se avizinha rapidamente.

Em conversas reservadas, o empresariado tem reclamado da escassez de opções. Assim, além de Dárcy Vera e de Welson Gasparini, mais alguém se habilita? 

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