Os crimes nas escolas

Os crimes nas escolas

Os acontecimentos que eram esporádicos se tornaram rotineiros. As tragédias mostradas na TV, que só ocorriam em localidades distantes, ficaram cada vez mais próximas e já fazem parte da nossa geografia. Infelizmente, os atos violentos praticados por crianças e adolescentes, crimes que antes ocorriam com frequência em países como os Estados Unidos, agora fazem parte de uma triste realidade brasileira. No dia 27 de março, um estudante de 13 anos atacou pelas costas a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, com uma faca, numa escola da zona oeste de São Paulo. A professora Elisabete era uma dessas brasileiras anônimas que, mesmo aposentada do serviço público, não queria parar de trabalhar. Dez dias depois, um homem de 25 anos atacou uma creche em Blumenau e matou quatro crianças menores de sete anos. Os dois crimes chocaram a opinião pública, governos e entidades ligadas à educação passaram a discutir medidas para conter a violência que se alastra pelas escolas do país. 


Basta uma olhada no noticiário e nas redes sociais para ver que hoje cresceu a onda que faz apologia ao uso de armas. Adultos seguram com orgulho armamentos potentes como se isso fosse um troféu a ser exibido. Uma propaganda nefasta que contamina os mais jovens, que se não tiram fotos ostentando armas, fazem postagens anunciando os atos violentos que pretendem cometer. As novas tecnologias passaram a ser usadas para acobertar comportamentos de grupos que possuem intenções violentas. Os chans exibem esse potencial criminoso. São fóruns virtuais, muitas vezes situados na Deep Web, uma parte da internet que só pode ser acessível com ferramentas específicas que mantém os usuários no anonimato, longe da fiscalização dos órgãos de segurança. 


A escola pública e privada, o espaço que educa para a vida virou palco de crimes bárbaros. Os casos de violência se acumulam em diferentes regiões do país. Crimes dessa natureza são inesperados e por isso a prevenção se torna muito difícil. Ninguém sabe exatamente onde e quando alguém cometerá uma insanidade. Entretanto, a frequência dessas ocorrências impõe que as escolas, os órgãos de segurança e os pais fiquem mais atentos. Nenhuma ameaça ou bravata pode ser descartada. O episódio revela que as escolas terão que se readequar e criar novas estruturas para enfrentar esse tipo de situação com profissionais preparados. Trata-se de uma prioridade.  Embora seja algo difícil de evitar, a solução passa por ações de inteligência e de prevenção. Na sua estrutura funcional, as escolas precisarão contar com profissionais para assistir aos alunos. Diante da sucessão de crimes, medidas precisam ser adotadas para que a escola volte a ser um espaço seguro para alunos, professores e funcionários. A sociedade não pode perder essa batalha contra a violência e a insegurança.


Com o aumento da frequência e da letalidade, os principais grupos de comunicação do país decidiram não dar visibilidade para os assassinos que praticam atentados em escolas contra professores, estudantes e funcionários.  Depois do último ataque em Blumenau (SC), CNN, Band, Grupo Globo, Canal Meio e a Empresa Brasil de Comunicação decidiram não divulgar nomes, fotos e vídeos dos acusados.  O objetivo desta medida é evitar o chamado “efeito contágio”. Especialistas afirmam que há uma relação de causa e efeito entre o detalhamento de crimes bárbaros na mídia e o comportamento agressivo de algumas crianças e adolescentes. A cobertura massiva desses fatos com a apresentação de gráficos e descrições pormenorizadas vira uma espécie de tutorial de futuros ataques para crianças e adolescentes que pensam em realizar crimes semelhantes. A mídia já adotava postura semelhante em casos de suicídio que não são divulgados para evitar o efeito contágio. Entretanto, nenhuma dessas medidas substitui o papel dos pais que precisam ficar atentos e monitorar os conteúdos que os filhos acessam na internet.

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