Para fazer o dinheiro render

Para fazer o dinheiro render

Se a sua festa de Reveillon foi animada, certamente você, seus amigos e familiares cantaram aquele refrão tradicional: “muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender”. Apesar dos problemas do sistema público de saúde, salta aos olhos que, de modo geral, as pessoas estão mais preocupadas em levar uma vida saudável e chegar à terceira idade com autonomia de movimentos, com pressão e colesterol controlados, sem problemas graves de saúde. Essa mudança de percepção pode ser constatada na quantidade de pessoas que frequentam academias, caminham e correm nas ruas e nos parques e que praticam alguma atividade esportiva. Fazer a outra parte do refrão se tornar realidade é algo bem mais complicado. Para o contingente de brasileiros que está desempregado ou com problemas de inadimplência, sair dessa condição vai exigir muito esforço e dedicação, alguma ajuda externa e até um pouco de sorte para ganhar dinheiro em 2020.

Outra parcela da população, com maior poder aquisitivo, também terá de mudar a postura neste ano. No Brasil, durante as últimas décadas, um contingente expressivo se habituou a aplicar as economias em investimentos tradicionais que davam retorno garantido e quase nenhuma preocupação. Com a isenção do Imposto de Renda e o respaldo do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em até R$ 250 mil por CPF e por operador financeiro, a famosa “caderneta de poupança” se tornou uma instituição nacional, avalizada pelos pais e avós. No país, cerca de 95% dos investidores deixam seus recursos na poupança e apenas 5% em outras opções do mercado financeiro. Nos Estados Unidos, a matriz do capitalismo mundial, essa relação é invertida. Os americanos já possuem uma cultura consolidada de investir na bolsa de valores e em outras aplicações mais arriscadas e rentáveis. 

A procura por um investimento mais seguro tem razões históricas. Num passado recente, o Brasil foi campeão mundial de planos mirabolantes que resultaram em retumbantes fracassos com enormes prejuízos às empresas e à população. Felizmente, essa época passou. Algo similar aconteceu com os aluguéis que durante muito tempo, antes da diversificação de ativos, eram vistos como investimentos palpáveis e com rentabilidade garantida.  O retorno da poupança é apenas um pequeno exemplo da grande transformação que está ocorrendo no mercado financeiro. Com a redução da taxa Selic, hoje em 4,5% ao ano, muitos ativos não darão mais o retorno de antigamente, categoria de aplicação em que se enquadram a poupança e outros investimentos.  Em 2019, a aplicação preferencial dos brasileiros rendeu 4,26% contra uma inflação oficial de 4,31% medida pelo Índice de Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que dá para considerar um empate técnico. Para este ano, as projeções do Banco Central indicam que a poupança terá um resultado bem abaixo da inflação oficial, uma variação inferior de 0,5%. Em um ano, por exemplo, quem tiver R$ 10 mil aplicado na poupança, perderá R$ 50, quem tem R$ 100 mil arcará com um prejuízo de R$ 500 e quem tiver R$ 1 milhão vai amargar uma defasagem de R$ 5.000,00, fora o que deixou de ganhar se tivesse aplicado em outro investimento mais rentável.

A nova realidade econômica do país forçará os investidores, pessoas físicas e jurídicas que possuem reserva financeira, a saírem de uma situação cômoda para buscar aplicações que pelo menos assegurem que o dinheiro não será engolido pela inflação. No entanto, essa migração exige alguns cuidados e uma educação financeira que a grande maioria das pessoas ainda não tem, mas que deve buscar para otimizar rendimentos. O retorno do capital investido depende do valor, do prazo, da tributação e da taxa de administração. Retorno e risco são diretamente proporcionais, ou seja  o aumento de um implica na elevação do outro. A vantagem é que hoje com um aplicativo e uma conta numa corretora o investidor tem acesso a uma gama enorme de investimentos sem precisar sair de casa. Os experts  sempre alertam que o mercado financeiro não é local para amadores e que a desinformação e a inexperiência podem custar caro. Dois ditados populares sugerem que nunca se deve colocar todos os ovos em uma cesta só e que o dinheiro não aceita desaforo. 

Compartilhar: