Saudade da normalidade

Saudade da normalidade

A pandemia ainda nem passou e a ansiedade leva a reflexões sobre como será o mundo daqui para frente. Até meados de março, a rotina das pessoas funcionava de um jeito mais ou menos previsível, embora as catástrofes, os atropelos e os imprevistos fossem cada vez mais frequentes. Desde que as medidas de isolamento social foram decretadas, o panorama mundial mudou radicalmente. Agora, os olhares estão voltados para o futuro. A pandemia do coronavírus se espalhou pelo mundo inteiro em poucos meses.

Enquanto alguns governos menosprezaram o vírus, casos do Brasil, dos Estados Unidos e da Itália, outros levaram a ameaça a sério. Os primeiros países que adotaram o isolamento social e colocaram a quarentena em prática hoje já possuem condições de afrouxar as medidas restritivas. Embora a comparação não seja apropriada, o exemplo mais bem-sucedido é da desenvolvida Alemanha, que logo colocou em prática as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), e teve um dos menores números de vítimas e de pessoas contaminadas. Os alemães, por assim escrever, estão voltando à “normalidade”.

Eis a chave da incerteza dos dias atuais. A menos que uma vacina poderosa seja descoberta e testada com muita rapidez, um mundo novo se descortina no horizonte com profundas mudanças. Fica cada vez mais evidente que aquela “normalidade” não votará tão cedo. A globalização dará um passo atrás com as barreiras sanitárias que serão erguidas em quase todos os países. O turismo, a gastronomia, as feiras e as palestras, só citar alguns exemplos, sofrerão fortes impactos. O direito de ir e vir não será mais tão sagrado assim. O trabalho vai migrar em alta escala para dentro de casa. A reclusão caseira será uma nova companheira. Para quem havia esquecido, o vírus relembrou que todos somos mortais, portanto iguais do começo ao fim. Tempos de baixa para o consumo desenfreado e de alta para a solidariedade. O novo mundo vai funcionar como se fosse uma porta entreaberta, com uma ponta de saudade da velha “normalidade”.  

 

Foto: Lidia Muradás, Henrique Pacini e Luiz Felipe Pacini

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