
Sem descambar
A temperatura da política local está alta e promete esquentar ainda mais em 2012. O ano que termina pode ser considerado atípico para a política local com a cassação de um vereador por falta de decoro parlamentar. O que poderia ser um capital político para os vereadores que compõem a atual legislatura logo se transformou em revés com a recusa dos parlamentares de reduzir o número de cadeiras de 27 para 20.
Pesquisa de um instituto idôneo comprovou o óbvio ululante: que nove entre 10 ribeirãopretanos não querem o aumento no número de cadeiras na Câmara de Vereadores para a próxima legislatura. Assim que cessarem as festividades, a sociedade, através de suas entidades representativas, deve retomar o movimento pela manutenção dos 20 vereadores. Os céticos precisam reconhecer que o bom senso triunfa mesmo que seja longe daqui. Vide o exemplo do Pará, que rejeitou por ampla maioria o inchaço da máquina pública com a criação de mais dois estados.
As denúncias e o festival de comissões parlamentares de inquérito mostram que na sucessão municipal a disputa também será de ranger os dentes. O PSD da prefeita Dárcy Vera enfrentará o PSDB do deputado federal Duarte Nogueira. Outras forças estarão nesse embate, entre elas, a candidatura do PT, que vai se apresentar como uma alternativa a essa polarização que pode extrapolar as regras da civilidade. Aliás, essa disputa já começou em tom pouco amistoso. Um sinal disso, no ano que passou, foi a falta de sintonia nas obras de Ribeirão Preto, que necessitam do aval do governo de GeraldoAlckmin. Com a Prefeitura de Ribeirão Preto e o governo do Estado ocupados por partidos diferentes, já engalfinhados em uma pré-disputa eleitoral, permanecem irresolutas a questão do aeroporto Leite Lopes, a criação da Fatec e a construção do viaduto da Anhanguera.
O único desenlace que houve foi a duplicação da Henri Nestlé, com uma pequena atemporalidade que pode ser atribuída à perversidade do jogo eleitoral. A obra, que deve começar em janeiro do ano quem vem, tem prazo previsto de 15 meses para conclusão. Portanto, na eleição de 2012, nenhum dos contendores poderá apresentar esta fatura eleitoral. As lideranças políticas precisam conduzir esse debate com a defesa firme de posições, mas sem que o discurso descambe para a tergiversação e a denúncia vazia.