Sem medalha nas urnas

Sem medalha nas urnas

Os Jogos Olímpicos estão começando e, apesar do esforço da Rede Globo para criar um clima de empolgação, o país se ressente da mais grave crise econômica dos últimos 40 anos. Só o baque do petróleo, em 1973, atingiu a economia de forma tão abrangente e dura. Além disso, continuam as intermináveis operações da Lava Jato, que todo dia prende gente nova. Tem, ainda, os descalabros da saúde e a escalada da violência. Para espantar o baixo astral, o esporte tem o dom de comover com histórias de superação. Logo, logo rolarão as primeiras lágrimas quando algum atleta subir ao pódio ao som do Hino Nacional.

Enquanto isso, sem muitas realizações que mereçam medalha, o futuro da cidade esburacada pela falta de planejamento começa a ser decidido, sem alarde e bem longe dos holofotes. A buraqueira das ruas, a precariedade do atendimento da saúde ou a fragilidade da segurança — que permite o furto da fiação do Teatro de Arena — estão longe de ser o maior problema que o próximo prefeito de Ribeirão Preto enfrentará. Embora a boa gestão possa resolver alguns problemas, o novo mandatário do Palácio Rio Branco terá que ser um expert em finanças públicas para lidar com uma dívida estimada, pelo Observatório Social de Ribeirão Preto, em R$ 1 bilhão para 2017. Diante da queda de arrecadação, em função da crise econômica, o novo gestor da cidade terá parcos recursos para investir e uma enorme dívida para administrar.

Fechadas as coligações, foram confirmadas candidaturas que já estavam postas há muito tempo. Ricardo Silva (PDT) obteve o apoio mais cortejado, do PMDB dos deputados Baleia Rossi e Léo Oliveira. Tanto em Brasília quanto em Ribeirão Preto, o PMDB defende, nas próximas eleições, uma antiga tradição de permanência no poder. Indicou o vice, Marinho Sampaio, nas duas administrações da prefeita Dárcy Vera e agora entrou com o vice na chapa de Ricardo Silva. O deputado federal, Duarte Nogueira, (PSDB) fará a quarta tentativa de conquistar a Prefeitura. O candidato que conta com o apoio da prefeita Dárcy Vera é o radialista Rodrigo Camargo (PTB). Sentindo os efeitos que atingiram o partido nacionalmente, pela primeira vez em quase 30 anos, o PT não terá candidato a prefeito e indicou o vice, Fernando Tremura, na chapa encabeçada pelo servidor municipal Wagner Rodrigues (PCdoB). Sem o apoio de partidos colidgados, o juiz aposentado, João Gandini, será candidato pelo PSB junto com a professora Cleusa Colucci. Caminhando um pouco do centro para a esquerda, aparecem as candidaturas de Hermenegildo de Martin (PSOL), Edmur Manfrin (PV), que desde 1988 não lançava candidato majoritário e de Fábio Zan que concorre pela Rede Sustentabilidade com o apoio do vereador Marcos Papa.

Um dos maiores problemas da política brasileira é a falta de renovação. Em Ribeirão Preto, as novidades foram alguns candidatos a vice. Lembrando que na história recente do Brasil, não raro, o vice tem assumido papel de protagonista. Basta ver o que ocorreu com Tancredo Neves e José Sarney, com Fernando Collor e, Itamar Franco, e agora com Dilma Rousseff e Michel Temer. Assim, na hora que estiver definindo o voto é bom o eleitor levar em conta os nomes dos vices que estão estreando na política. O empresário Guilherme Feitosa, diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), foi indicado pelo PMDB para ser o vice de Ricardo Silva. O promotor aposentado Carlos Cezar Barbosa (PPS) será o companheiro de Duarte Nogueira e, aos 83 anos, o educador Oscar Luiz de Moura Lacerda (PTB) aceitou compor a chapa de Rodrigo Camargo. O despachante Josias Lamas (PPL) fará campanha com Fábio Zan e João Brás Batizocco (PSOL) acompanhará o Dr. Hermenegildo. O empresário da comunicação, Edson Bravo, entra na política como vice de Edmur Manfrin. Além dessas novidades nas chapas majoritárias, Ribeirão Preto deverá ter mais de 1.000 candidatos a vereador. Apesar do quadro desalentador da política, tem gente nova e corajosa se lançando candidato para ver se consegue transformar a realidade de Ribeirão Preto e do Brasil. De fato, a cidade e o país estão precisando que soprem os ventos da mudança. 

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