Simbologia verde e amarela

Simbologia verde e amarela

O ano de 2022 será bastante significativo para o país por dois bons motivos. O primeiro e mais evidente tem a ver com a eleição e todas as consequências que a escolha de governantes acarreta. Esta será a segunda disputa eleitoral com a forte influência das redes sociais, o que envolve mais pessoas na discussão e na escolha dos candidatos. A decisão das urnas sempre é uma incógnita e desta vez refletirá as consequências de um período tão atípico como os dois anos de pandemia. A barulheira das redes sociais não serve como indicativo, pois a grande maioria do eleitorado não pensa em voz alta, mas raciocina em silêncio até amadurecer a decisão no dia da eleição.

Outro evento com forte simbologia serão as comemorações dos 200 anos da Independência, impulsionadas pela mística do número redondo. Até hoje a separação oficial do Brasil de Portugal sofre questionamentos históricos que se estendem à abolição da escravatura, passa pela redefinição dos heróis e dos vilões e chega até as bases da República, refundada com a constituição de 1988. Em séries, programas, reportagens e entrevistas, a midia impressa e digital vai puxar essa discussão sobre os fatos mais importantes desses dois séculos de autonomia nacional. Temas do presente ainda não resolvidos estão entrelaçados com essa longa história que a maioria dos brasileiros desconhece: a questão indígena, o preconceito racial, a degradação ambiental, a pátria patrimonialista apontada pelo jurista Raymundo Faoro são algumas das feridas que permanecem abertas desde que Cabral e a família real pisaram por essas bandas.

Por si só, as eleições e as comemorações de datas importantes não resolvem problemas, mas podem ser significativas para que brote no país uma tomada de consciência sobre erros dos passados, sobre as distorções históricas que precisam ser corrigidas – caso da segregação racial — chegando à escolha de representantes e de governantes que tenham sensibilidade para analisar a complexidade desta trajetória. Se isso não for feito pela grande maioria dos brasileiros em 2022, o bicentenário da independência será apenas mais uma data na folhinha com um enorme vazio nas cores de um ufanismo verde e amarelo. 

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