Um novo terminal

Um novo terminal

Uma velha história do folclore da aviação nacional diz que o seu dia de sorte não serve para nada se for o dia de azar do urubu. Quando são sugados pela turbina, os urubus podem derrubar uma aeronave. Se não bastassem as invasões de moradores nas proximidades da pista e os problemas de infraestrutura amplamente debatidos, urubus estão rondando o Leite Lopes tornando ainda mais sinistra a situação do aeroporto. 

O primeiro caso foi registrado em 2007 e de lá para cá ocorreram 14 incidentes. Apesar do alto risco, a presença dos urubus no entorno do aeroporto não é um problema insolúvel. Já a solução do impasse em torno do aeroporto parece cada vez mais distante. Embora, na retórica, as principais lideranças da cidade aventem a possibilidade de construir um novo terminal, na prática, a proposta não vai adiante porque se trata de um projeto de longo prazo. Quem ocupa algum cargo agora, certamente não estará mais nele quando Ribeirão Preto tiver um novo terminal. A política precisa de resultados imediatos, mas este dia há de chegar. No vai-e-vém das iniciativas, a Prefeitura decidiu entrar com um recurso para reverter o acordo firmado, em 2008, entre o Departamento Aeroviário do Estado (Daesp) e o Ministério Público, que impede a ampliação da pista.

O Ministério Público já reiterou por diversas vezes que o acordo tem força de sentença transitada em julgado e que não há novos argumentos que justifiquem a reabertura da discussão. Ensaia-se uma batalha judicial. Juristas consultados cogitam a possibilidade de solicitar a “desconstituição” do acordo alegando que o desenvolvimento de Ribeirão Preto está sendo prejudicado, uma vez que houve “um crescimento da demanda aeroviária da cidade”. No entanto, essa ação judicial precisa ser encaminhada pelo governo do Estado que assinou o acordo com o Ministério Público e não pela Prefeitura que estuda um encaminhamento jurídico para o caso. Além do mais, processos judiciais se arrastam por anos na Justiça.

Enquanto isso, não é preciso ser nenhum especialista no assunto para constatar que o aeroporto de Ribeirão Preto tem pequenos e grandes problemas de infraestrutura que começam pelo local onde se retiram as bagagens, passa pelo ponto de táxi com oferta de carros insuficiente em horários de maior movimento e chega aos graves impactos urbanos provocados pelo alto contingente populacional nas imediações. Paralelamente, há na cidade movimentos para credenciar Ribeirão Preto como polo do turismo de negócios e para ser uma das subsedes da Copa do Mundo de 2014. Também há uma iniciativa para criação de uma área regional metropolitana que também demandaria a construção de um novo aeroporto, em local mais apropriado, sem os problemas de infraestrutura que o atual já possui. Aeroportos e rodoviárias são cartões de visita de uma cidade e Ribeirão Preto precisa melhorar os dois urgentemente. 

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