Vacina contra a insensatez

Vacina contra a insensatez

A onda de radicalização e de contágio pelo pensamento obscuro está indo muito além do que se imaginava. Algumas controvérsias têm argumentos que se justificam. A obrigatoriedade do voto, a maioridade penal aos 16 anos e o direito ao aborto, só para citar alguns, são temas que dividem opiniões no mundo inteiro há décadas. Outras questões eram fatos consumados. O homem foi mesmo à lua e a terra não é plana, mas redonda e ligeiramente achatada nos polos.

Nos últimos meses, ganhou força a corrente anticientífica que colocou em dúvida a eficácia das vacinas, uma descoberta comprovada há mais de 200 anos. Nesse caso, não há nenhum argumento sério e fundamentado para se contrapor à evolução que a humanidade experimentou se livrando de doenças graves que causaram milhares de mortes. O aumento da longevidade e a diminuição dos índices de letalidade infantil só foram possíveis pela descoberta das vacinas. Essa onda preconceituosa colocou em dúvida a eficácia da vacina chinesa, mesmo que os testes revelem dados positivos e que as pesquisas ainda não tenham sido concluídas. As vacinas de outros laboratórios possuem matéria-prima chinesa e não são questionadas. Além do mais, para serem aplicadas, as vacinas de todos os laboratórios precisam passar por uma validação internacional que envolve os maiores especialistas do mundo.

Isso pode parecer uma discussão inócua, mas os efeitos já aparecem nas estatísticas das campanhas de vacinação do país inteiro. Fazia tempo que não se registravam índices de vacinação tão baixos. Em Ribeirão Preto, por exemplo, a campanha da poliomielite que estava prevista para terminar esse mês teve uma adesão muito baixa. A expectativa era vacinar 30 mil crianças menores de 5 anos, mas menos de 10 mil compareceram aos postos. O pior é que contra esse vírus da insensatez que tomou conta das redes sociais não tem remédio ou vacina. Também não tem ninguém pesquisando a cura. A esperança é uma overdose de informação possa retirar das trevas aqueles que defendem ideias e pensamentos medievais, sem nenhuma fundamentação científica. Para todo mundo, sobraria mais tempo para resolver problemas mais sérios.

 

Foto: Pixabay (Imagem Ilustrativa)

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