
A vacina e a esperança
O ano mais diferente e inédito da história está terminando. Em março deste ano, quando a pandemia do coronavírus se tornou uma realidade na vida de sete bilhões de pessoas, a doença era desconhecida e a cura parecia algo muito distante. No começo do ano, a saída era se manter isolado, o mais distante possível do vírus. Caso alguém fosse infectado com gravidade, precisaria de um leito de UTI e de um respirador. Em apenas 11 meses, desde a descoberta do vírus, sem atropelar as etapas exigidas pela ciência, meia dúzia de vacinas foram fabricadas por diferentes laboratórios e universidades numa inédita aventura sanitária que desafiou os mais renomados cientistas do planeta.
Como um presente de Natal para a humanidade, as vacinas chegaram em dezembro e já estão sendo aplicadas nos países que largaram na frente nessa corrida: Estados Unidos, Inglaterra, China, Canadá Cingapura já estão vacinando suas populações. A União Europeia organiza uma vacinação em massa. Outros países, caso do Brasil, estão atrasados, perdendo um tempo desnecessário com guerrinhas políticas e questionamentos infundados sobre a eficácia das vacinas, um instrumento comprovado de cura, descoberto pela ciência no final do século retrasado.
Enquanto se perde tempo com discussões inconsequentes, o governo deixa de organizar a logística num país de dimensões continentais, questão fundamental para garantir que o maior número possível de brasileiros seja vacinado no menor espaço de tempo. Cada dia perdido custa centenas de mortes. Entretanto, ao contrário do que muitos imaginavam, a vacinação não será um alvará de soltura. O programa do Ministério da Saúde prevê que quando as vacinas estiverem disponíveis serão necessários quatro meses para imunizar as pessoas que fazem parte do grupo do risco, os mais idosos, os profissionais da saúde, da segurança e da educação. As projeções indicam que a maior parte da população deve ser imunizada em um ano. Só depois disso, pesquisas científicas poderão comprovar numa população numerosa a eficácia e o tempo de duração da imunidade. Mesmo assim, isso não vai significar a erradicação do coronavírus que se manterá em níveis de transmissão mais baixos como o que ocorre com a dengue e outras doenças. Isso significa que a profilaxia contra a Covid 19, incluindo o uso de máscaras, o distanciamento social e o uso do álcool em gel serão medidas necessárias nessa nova realidade. Se 2020 foi o ano da sobrevivência, 2021 será o ano da esperança. Boas festas a todos!