Vergonha internacional

Vergonha internacional

Os últimos acontecimentos de grande repercussão internacional expuseram o Brasil como um país selvagem, uma terra sem lei, sem ordenamento jurídico e sem respeito às mínimas regras de civilidade. Em maio, o país ficou estarrecido com o assassinato de Genivaldo de Jesus Santos numa câmera de gás improvisada numa viatura policial. Os responsáveis pela morte cruel foram policiais rodoviários de Sergipe. As imagens da barbárie rodaram o mundo.  

 


Mais duas semanas e os brasileiros e a opinião pública mundial se deparam com o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Pelas denúncias de invasão que faziam das terras indígenas e as ameaças que recebiam, era previsto que algo trágico aconteceria com os dois ambientalistas, diante da indiferença dos órgãos públicos estaduais e federais. O desaparecimento das duas lideranças por um longo período expôs um problema crônico da segurança e da preservação ambiental da Amazônia. 

 


Uma das maiores e mais valorizadas regiões do mundo sofre há décadas um processo de degradação acelerado e hoje se tornou uma área controlada por traficantes, caçadores mercenários, garimpeiros ilegais e invasores de terra. Sem a presença dos órgãos de segurança do Estado, a Amazônia virou um território dominado pela criminalidade com contrabando ilegal da fauna, pesca predatória, exploração indevida de recursos minerais e a grilagem de terras. Em muitas regiões, o poder público já foi cooptado pelos criminosos. 

 


Desde os anos 70, época da ditadura militar, com a construção da Transamazônica, o povoamento da região se intensificou sem que o Estado implantasse os órgãos de fiscalização e controle. No atual governo, as estruturas da Funai, do Ibama e da própria Polícia Federal foram sucateadas ou sofreram forte ingerência política. Diante da grave omissão do estado brasileiro, a criminalidade tomou conta da região que virou rota para o tráfico internacional de drogas. 

 


Isso tudo ocorre em um momento em que os olhos do mundo estão voltados para a Amazônia, área fundamental para o equilíbrio climático do Planeta. Fica sem sentido e perde a razão de ser, o discurso nacionalista vazio que proclama a soberania brasileira sobre a região ao mesmo tempo em que nada se faz para combater a criminalidade que avança de forma avassaladora. A Amazônia é tão brasileira como a responsabilidade para preservar esse imenso patrimônio ambiental. O Brasil tem os meios e os recursos para mobilizar as forças de segurança e retomar o controle da região. Infelizmente, os sucessivos governos ficam presos a uma retórica vazia que tem deixado a Amazônia abandonada à própria sorte. 

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