Batismo público

Batismo público

Durante muito tempo, ruas, praças, viadutos e prédios públicos foram denominados sem que grande parte da população se preocupasse com essas nomeações. Pela legislação atual, a denominação desses espaços públicos precisa passar pela chancela da Câmara de Vereadores de cada cidade, mas isso não significa que o interesse público se sobreponha na escolha dos nomes. Com alguma influência e a relação com um vereador amigo é possível transformar um parente próximo em uma personalidade pública perene em algum canto da cidade. 

A legislação já tem pelo menos um ponto de partida definido e consensual. Não podem ser homenageadas nesses batismos públicos pessoas vivas, essa honraria está reservada só para os mortos, mas isso não é suficiente para transformar a denominação de interesse público. O aspecto positivo dessa discussão que se iniciou em todo o país é que a percepção histórica está aumentando. Hoje se questiona a relevância dos personagens do passado, principalmente em locais de grande visibilidade.

À medida que o tempo passa, algumas homenagens perdem o sentido e outras podem ser discutidas. Para citar alguns exemplos, qual sentido de homenagens a ex-presidentes como Eurico Gaspar Dutra e Castelo Branco que pouco ou nada têm a ver com a história de uma cidade? Isso justifica uma mudança agora ou não vale a pena levantar essa discussão depois de tanto tempo? Seria viável fazer uma revisão geral de todos os homenageados ao longo da história? Quais os nomes que devem ser mantidos e quais devem ser trocados? Quem decidirá as denominações polêmicas? 

Em algumas cidades do país, surgiu uma proposta de pelo menos contextualizar esses homenageados, acrescentando ao lado dos das praças, ruas e monumentos placas explicativas que esclareçam o sentido dessas homenagens. Essa questão polêmica fica a cargo do poder legislativo que precisa debater e atualizar a legislação para que a escolha dos nomes dos homenageados ganhe transparência, relevância e interesse público. 

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