Música para as mães

Música para as mães

Talvez incondicional seja a palavra que melhor defina o amor de mãe na atualidade. Em um país mergulhado em incertezas, elas andam aflitas, preocupadas com o futuro dos filhos. Além das dificuldades de manutenção, as mães de adolescentes se preocupam com a formação moral e ética, embora a tarefa de educar precise ser compartilhada. Quem tem filhos pequenos certamente também anda preocupado com a velocidade e o excesso de informações que chegam precocemente. Por mais que as mães estejam empenhadas, sempre fica a sensação de que ficou faltando algo. Algumas se cobram muito por isso e até acabam protegendo demais os filhos, um excesso de zelo do incontrolável e infinito amor materno. 

No meio de tantas homenagens que acontecem neste segundo domingo de maio teve uma que “viralizou”. A paranaense Ana Vilela não imaginava que ao compor a música “Trem Bala”, a canção chamaria tanto a atenção e superaria a marca de 9 milhões de visualizações na internet. Gente importante como a top Gisele Bündchen e o cantor sertanejo Luan Santana apareceram cantando o sucesso. A letra que fez muita gente se questionar vem puxada por uma melodia quase conversada como faziam Caetano Veloso e Gilberto Gil nos tempos da Tropicália. Nas entrevistas que concedeu, Ana Vilela contou que fez a música daquele jeito despretensioso.

Com essa fórmula simples transcendeu qualquer expectativa. “Fiz a música em um momento muito triste da minha vida, quando tive uma grande desilusão amorosa. Era algo muito pessoal, para mim e para pessoas do meu convívio e logo ela se espalhou para muita gente rapidamente”. Isso ocorreu na época da Olimpíada em 2016. Com o primeiro cachê que ganhou com a música, a cantora satisfez um antigo desejo de comer no restaurante Outback. A gravação com letra adaptada para um comercial do Banco do Brasil esquentou a música novamente. 

Na infância, Ana Vilela não teve contato com os pais e foi criada pelos avós. A música, que toca nas rádios e obteve mais de seis milhões de visualizações  no Youtube, serviu como um desabafo consciente, uma espécie de reconstrução em que a cantora e compositora descobriu que, apesar dos percalços da vida, é capaz de tocar a própria vida. Na mesma internet onde fez tanto sucesso, Ana Vilela sofreu bullying, foi xingada e ofendida exaustivamente pelos “haters”, aquelas pessoas que existem em todas as mídias sociais especializadas em agredir pessoas. Para encontrar esses seres que tanto odeiam, basta entrar nas suas páginas para ver o festival de ofensas e de palavrões que destilam diariamente. Descolada, a autora do “Trem Bala” ignora os ataques contra o seu peso, a sua orientação sexual e a cor do cabelo. Considera um elogio quando recebe o rótulo de que está fora do padrão.   

A música que virou hit nacional narra uma relação interessante que a todos alegra e entristece ao mesmo tempo. Como diz o primeiro verso “não se trata ter todas as pessoas do mundo para si, mas saber que em algum lugar tem alguém que zela por ti.” Eis aí o sentido mais profundo que resgata o único e verdadeiro amor mãe. Com tão pouca idade, a música de Ana Vilela surpreende pela maturidade quando enaltece a capacidade de sonhar, advertindo que, embora sejam importantes, as vitórias só valem a pena se resultarem em algum tipo de fortalecimento pessoal. No trecho dedicado à família e especialmente às mães está dito:

“Não é sobre tudo que o seu dinheiro é capaz de comprar
E sim sobre cada momento,
sorriso a se compartilhar
Também não é sobre correr contra o tempo pra ter sempre mais
Porque quando menos se espera,
a vida já ficou pra trás
Segura teu filho no colo
Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem bala, parceiro
E a gente é só passageiro
prestes a partir”

Quem ainda não ouviu, procure o “trem bala” e se tiver a sua mãe por perto dê um beijo e um abraço, desejando um feliz dia das mães! 

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