O cerco às redes sociais

O cerco às redes sociais

A tão aguardada eleição presidencial se aproxima. Chegou a hora de ver quem fica e quem sem sai da raia eleitoral. Luciano Huck, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco e o ex-ministro Luis Henrique Mandetta já pularam fora, mas ainda tem muita gente disposta a entrar na briga. A janela que possibilita a mudança de partido dos políticos fecha no final de março. Os principais concorrentes definem as alianças, dando bastante atenção à escolha do vice. O PT de Lula, que durante 20 anos foi o maior adversário do PSDB, deve confirmar para vice o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, um filiado histórico dos tucanos que saiu do partido após entrar em rota de colisão com o governador de São Paulo, João Dória, pré-candidato à presidência da República.

Alckmin entrou para o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e ao que tudo indica deve formar a chapa com Lula. O presidente Jair Bolsonaro (PL) não quer correr riscos com o vice e deve escolher o general Braga Neto para a chapa presidencial. Na memória dos presidenciáveis está muito vivo o ocorrido com a ex-presidente Dilma Rousseff que viu o seu vice, Michel Temer, se tornar um dos principais articuladores do impeachment ao lado do ex-deputado Eduardo Cunha, ambos do MDB.  

À medida que a eleição se aproxima, abrem-se as portas do vale-tudo eleitoral. Partidos e candidatos deixam de lado qualquer tipo de coerência ideológica ou política para se lançar numa frenética caça ao voto.  A despeito dessa movimentação que sempre ocorre em todas as eleições – políticos trocando de partidos, alianças entre contrários e concentração de poder na mão de poucos caciques, a disputa deste ano tem um novo componente, um pouco fora da movimentação política tradicional. Se tempos atrás marqueteiros como o publicitário Duda Mendonça e João Santana eram as estrelas das campanhas, hoje os partidos, a Justiça Eleitoral e até a opinião pública estão de olho nas redes sociais, nos aplicativos cujo poder de fogo se equivale à propaganda eleitoral gratuita ou até mesmo à tradicional campanha de rua que precisa respeitar muitas restrições. Em 2018, os candidatos e os partidos descobriram o poder de influência do WhatsApp, Facebook, Instagram, Twitter e YouTube. Recentemente, mais duas ferramentas entraram em cena, o Tik Tok e o Telegram.  Se na última eleição, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi surpreendido pela avalanche de mensagens em massa, disparadas clandestinamente por robôs com notícias falsas, incitação ao ódio e as agressões políticas, desta vez o órgão com poder de fiscalizar a disputa quer combater a desinformação, as notícias falsas e a incitação à violência. 

O TSE já começou o processo de fiscalização das postagens. O Tribunal apertou o cerco e fez com que todas as plataformas das redes sociais se comprometessem a retirar do ar conteúdos que desinformam e propagam notícias falsas.  A última rede social que relutava em assumir qualquer tipo de compromisso com a veracidade das informações foi o Telegram que aceitou fiscalizar os conteúdos diante da ameaça da Justiça Eleitoral de retirar a plataforma do ar. Numa desculpa prosaica, o fundador do Telegram, Pavel Durov, alegou que não tinha recebido a comunicação devido a algum problema no “e-mail”. O e-mail do TSE solicitando respostas teria caído no spam.

 Restabelecida a comunicação, a Rede Social anunciou o monitoramento dos 100 canais mais populares e o acompanhamento da mídia brasileira. O YouTube, por exemplo, se comprometeu a retirar do ar postagens que afirmavam ter havido fraude na contagens de votos na eleição presidencial de 2018. Em alguns conteúdos, as redes sociais colocam avisos para os internautas de que aquela é uma publicação com afirmações duvidosas. Os aplicativos já firmaram parcerias com sites e veículos de comunicação que fazem a checagem das informações. A criação desses mecanismos de conferência se torna importante para evitar que haja uma guerra de informações durante a campanha eleitoral. Cada partido, cada candidato, faz uma narrativa de acordo com a sua ideologia e as suas propostas, mas esses conteúdos não podem distorcer os fatos para manipular a opinião pública. Em vários momentos da história brasileira, políticos conseguiram enganar o eleitorado com consequências desastrosas para o país.  

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