O racismo no dia a dia

O racismo no dia a dia

O racismo estrutural tem sido tema dominante no país com polêmicas, reportagens na imprensa, manifestações explícitas de preconceito, alguns avanços e retrocessos. Apesar dos mais de 300 anos de escravidão e da segregação visível no mercado de trabalho, nas universidades e nas condições de moradia, tem muita gente que acha que não existe um racismo estrutural no país, apenas manifestações pontuais aqui e acolá. Não raro, alguns refratários ainda culpam os negros pelo racismo e até criaram uma esdrúxula teoria do preconceito reverso.

No entanto, a cada semana ocorrem fatos que comprovam na prática que no Brasil existe um racismo estrutural que perpetua uma situação de discriminação e opressão, apesar da intensa mobilização em busca de igualdade. De forma deliberada ou inconsciente, os negros são discriminados, ofendidos e criminalizados. Pelo grau de violência, o Rio de Janeiro virou uma vitrine estarrecedora dos atos de violência que chegam à barbárie. Recentemente, o mais chocante deles foi a morte a pauladas do congolês Moisse Kabagambe na glamourosa Barra da Tijuca. As cenas de barbárie foram gravadas e rodaram o mundo. Dias depois um oficial da Marinha confundiu seu vizinho de condomínio com um assaltante e matou o negro Durval Teófilo Filho, de 38 anos, com três tiros. Durval era um pai de família que foi morto quando chegava em casa depois de um dia de trabalho. Ainda no mesmo Rio de Janeiro, na favela do Jacarezinho, o negro Yago Correa, de 21 anos, foi preso por engano quando comprava pão numa padaria. Sem provas contra o rapaz, o delegado que cuidou do caso tentou se justificar dizendo que Yago “estava no lugar errado, na hora errada”, como se não fosse função obrigatória da polícia obter provas consistentes antes de acusar e prender alguém. Yago ficou num presídio por 24 horas até que a Polícia admitisse o erro e o jovem fosse liberado.

O fortalecimento do movimento negro, “Vidas Negras Importam”, as frequentes denúncias de racismo, o engajamento de artistas e celebridades e a adoção de algumas medidas, como a política de cotas nas universidades, são ferramentas importantes para mudar essa realidade. Admitir que racismo estrutural existe e discutir formas de combatê-lo é sem dúvida um passo importante para que esses fatos que ocorrem no Rio de Janeiro não se repitam e não sejam vistos como algo banal pela sociedade.

Compartilhar: