Carro é investimento?

Carro é investimento?

Você já viu alguém entrar no shopping, comprar algumas roupas e sair de lá achando que vai ganhar dinheiro revendendo as peças? De jeito nenhum, não é? Então saiba que, ainda que uma ou outra pessoa diga que carro é um investimento, isso não é verdade. Carro é um bem de consumo e, como tal, desvaloriza. Na verdade, carro só é investimento para os profissionais do ramo, como, por exemplo, as concessionárias que vendem carros usados.

Mas quais critérios balizam essa desvalorização? São diversos e variam de acordo com marca, modelo e configuração. “Existem modelos populares com depreciação bem menor, até porque seu mercado é maior (lei da oferta e da procura). Outra coisa: há marcas que depreciam mais do que outras. A reputação do fabricante conta muito”, afirma Samy Dana, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Ao sair da loja, um carro desvaloriza entre 20% e 30%. Essa desvalorização se mantém elevada de dois a cinco anos, quando a queda passa a ser bem mais moderada. Segundo a revista Motorpress, chega a ser infame o valor oferecido pelo automóvel que você suou tanto para comprar. Um Citroen C3 1.4, adquirido em 2006 por R$ 40.000,00, recebe propostas de R$ 12.000,00 de concessionárias, que vão tentar revende-lo por algo entre R$ 18.000,00 e R$ 20.000,00.

Outro fator de desvalorização é o tipo de carroceria. Um utilitário esportivo tende a perder mais do que um hatch compacto. São duas explicações: o mercado é mais restrito e, teoricamente, seu uso no dia a dia é mais severo. Também se deve levar em conta que, normalmente, acessórios e itens de personalização não valorizam o carro na revenda. Ao contrário: quando mais personalizado, menos ele poderá valer, pois o gosto do comprador possivelmente não baterá com o do vendedor. Assim, não adianta “investir” R$ 10.000,00 em itens de personalização, mesmo na concessionária.

A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), ligada à FEA USP, mantém uma das mais respeitadas tabelas de usados do setor. Porém, ela não calcula desvalorização a partir de percentuais, e sim colhe dados no mercado. Como o mercado (leia-se os proprietários dos carros) tende a valorizar o seu bem, o resultado é uma tabela supervalorizada. “Você não consegue vender um automóvel pelo valor que aparece na FIPE”, revela Samy Dana. De toda forma, não deixa de ser um parâmetro.

Não sei você, mas sou um apaixonado por carros. Portanto, mesmo sabendo que não é um tipo de investimento, não deixarei de comprá-los. Porém, devemos sempre tentar encontrar o negócio “menos pior”, ou seja, aquele que perderemos menos dinheiro. Diante disso, pense duas vezes antes de adquirir um veículo financiado, pois, com certeza, a perda será muito maior. Sei que é difícil, mas tente poupar o dinheiro que pagaria no financiamento para, futuramente, comprar o carro que deseja à vista. Agindo dessa forma, com o passar do tempo, conseguirá ter carros mais novos, até conseguir adquirir um zero quilômetro.

Fonte: Revista Motorpress / nº 250 / ano 21

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