Comunicação: dois ouvidos versus uma boca

Comunicação: dois ouvidos versus uma boca

Relações humanas se dão por meio da comunicação. Em todas as esferas da complexa sociedade em que vivemos, afinar o conceito de ser compreendido pelo outro pode ser determinante para o sucesso. O mesmo vale no mundo corporativo, tanto para profissionais quanto para as organizações. Falhas no diálogo podem gerar problemas que comprometem os resultados de empresas e de indivíduos.

Uma comunicação eficiente está diretamente ligada à gestão de relacionamentos dentro de uma organização, bem como a manutenção de uma saudável rede de contatos e o diálogo contínuo entre líderes e suas equipes, com constantes feedbacks e troca de informações claras e precisas. Além disso, é determinante para a capacidade de negociação de um indivíduo.

A comunicação deve ser objetiva, curta e organizada. Isso implica em pensar antes de falar. Em muitas ocasiões, produzimos um efeito negativo que é difícil de desfazer. Para não incorrer em erro, precisamos segurar a ansiedade e o nervosismo. “Quando somos muito afoitos, dizemos coisas de mau jeito. E tudo aquilo que a gente fala, não tem jeito de apagar”, afirma José Augusto Minarelli, presidente da Lens & Minarelli Associados, consultoria especializada em carreira.

Saber ouvir é um requisito indispensável para uma boa comunicação. Muito do engano que ocorre em uma negociação, uma conversa de trabalho e mesmo um feedback, está diretamente ligado ao fato de que as pessoas pensam em falar antes de ouvir de verdade o que o outro tem a dizer. É necessário se colocar no lugar do outro para captar a mensagem completa, avalia Luiz Carlos Marques Ricardo, conselheiro do Conselho Regional de Administração.

Muitas vezes nos esquecemos de algo que deveria ser uma obviedade: “o mercado de trabalho é constituído de gente”. Logo, é natural que todos tenham o que dizer. Para que isso se organize, escutar atentamente é a melhor solução. “Eu percebo que todos nós recebemos treinamento para comunicação, para falar em público, fazer apresentações, negociar, mas poucas pessoas ou organizações treinam para ouvir e fazer perguntas para entender melhor. Precisa ouvir e perguntar para fazer uma devolutiva adequada”, afirma Minarelli.

Mais do que isso, escutar da maneira correta é uma ferramenta valiosa de liderança. As novas gerações, principalmente, exigem ser mais ouvidas. Logo, cada vez mais nas organizações a figura do gestor que ouve seus funcionários é requisitada. “Essa atribuição é cada vez mais importante. Porque nos modelos de liderança do passado, o líder tinha o papel de sempre oferecer diretrizes e caminhos. Hoje já se entende que é preciso compreender as ideias, as opiniões, sentimentos e percepções das pessoas. Para isso, o líder precisa desenvolver a habilidade de escutar”, comenta Sirley Almeida, gerente de liderança da DMRH.

Acredito que deve ter sido por esse motivo que Deus criou o homem com dois ouvidos e somente uma boca. Nunca se esqueça que, para nos comunicarmos com eficácia, além de saber falar, é imprescindível saber ouvir.

Fonte: Revista Administrador Profissional – n°337.

Compartilhar: