Copa no Brasil: golaço ou fracasso?

Copa no Brasil: golaço ou fracasso?

Falta pouco para o início da Copa do Mundo no Brasil. Desde o anúncio oficial da FIFA, foram 7 anos para o País se preparar para o maior evento esportivo do planeta. A pergunta que não quer se calar é: conseguimos? Estamos prontos para receber os turistas estrangeiros? As cidades irão desfrutar de algum legado em termos de mobilidade urbana?

Fernando Trevisan, diretor da Trevisan Escola de Negócios, acredita que a competição trará benefícios às cidades-sede. Segundo ele, os brasileiros ainda não perceberam os benefícios em relação, por exemplo, a indústria do entretenimento e a esportiva. “Depois de prontos, os estádios irão trazer melhorias evidentes para essas áreas (locais maiores e bem-estruturados para grandes shows e outros eventos)”, afirma. “Também vamos nos aprimorar em relação à profissionalização dos nossos serviços ligados ao turismo e melhorar nossa rede hoteleira. Mesmo os aeroportos, que ainda causam grande desconfiança, estão passando por um processo de requalificação”, relata.

O erro fundamental, segundo Trevisan, está concentrado nos projetos de mobilidade urbana. “Foi gerada uma expectativa muito grande em relação ao legado que a Copa deixaria em termos de projetos de mobilidade e mudanças no viário das principais cidades. Infelizmente, boa parte desses projetos não saiu do papel e isso está gerando uma grande frustração”, comenta.

De positivo, é possível destacar a estimativa de que o Brasil deve receber cerca de 600 mil turistas estrangeiros durante a Copa do Mundo – e que eles poderão gastar, aproximadamente, R$ 9,4 bilhões. Também existe a perspectiva de que a competição irá adicionar ao PIB nacional, até 2019, algo em torno de R$ 183,2 bilhões. No mais, o evento tem potencial para gerar até 381 mil vagas temporárias.

Por outro lado, o País gastou R$ 8 bilhões com a construção dos 12 estádios. Nada mais, nada menos, do que 285% acima do que foi previsto no início das obras. Em relação às obras de mobilidade urbana, a conta é inversa. Segundo a última atualização do Comitê Organizador, foram gastos R$ 7 bilhões com mobilidade, cerca de 40% a menos do que havia sido previsto na proposta original. Em relação aos aeroportos, embora os benefícios ainda não sejam visíveis aos usuários, já foram gastos R$ 6,7 bilhões. Além disso, recursos privados estão custeando um aeroporto em Natal e ampliando instalações em Brasília, Campinas e Guarulhos.

Entre prós e contras, o conselheiro do CRA-SP, Nelson Pratti, aponta aquela que, na opinião dele, foi a falha fundamental de todo o processo, e aquilo que tem causado a desconfiança entre os brasileiros: “Faltou comunicação”, disse. Para Pratti, apesar dos benefícios que a Copa pode e deve trazer ao Brasil, sem um plano de comunicação claro, a organização peca em não explicar detalhadamente a aplicação dos recursos e a importância do legado. “A falta de informação criou essa expectativa negativa”, diz.

Fonte: Revista Administrador Profissional / Ano 37 / nº 332

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