“DRF”: estratégia para reduzir conflitos financeiros entre casais

“DRF”: estratégia para reduzir conflitos financeiros entre casais

Segundo Beatriz Pacheco, em matéria para o UOL, a falta de diálogo sobre dinheiro é um dos principais pivôs da separação de casais. A pesquisa mais recente sobre o assunto, realizada em 2019 pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), mostrou que quase metade (46%) dos casais brasileiros briga com frequência por questões ligadas ao orçamento familiar. Os principais motivos para essas discussões são as compras do parceiro ou da parceira, as prioridades de gastos em casa e o atraso no pagamento das contas.

"Quando tratamos de dinheiro, estamos falando do que importa para nós, por isso é uma conversa mais complexa do que os números na conta bancária", reflete Natalia Merces, consultora do Ateliê Financeiro. Por isso, não existe uma resposta fácil, explica a especialista, e o diálogo é o único denominador comum para lidar com essas questões.

Uma outra matéria publicada pelo UOL afirma que uma pesquisa, elaborada nos EUA, indicou que casais que discutem a relação possuem uma probabilidade maior a relacionamentos mais saudáveis e duradouros. Tal pesquisa, elaborada por meio de entrevistas com cerca de mil adultos, foi encabeçada por Joseph Grenny, cientista social e pesquisador do comportamento humano, autor de vários best-sellers.

Para o jornal britânico “The Guardian”, Grenny avaliou que “o sucesso de um relacionamento é determinado pela maneira como assuntos complicados são debatidos”. Entre as três maiores questões estão sexo, hábitos irritantes e contas.

No Brasil, o diálogo entre casais para debater situações ou temas polêmicos é conhecido pela gíria “DR” (Discutir a Relação). Como a questão nesse post é discutir as finanças do casal, tomo a liberdade de acrescentar um “F”. Portanto, para que os casais reduzam conflitos financeiros, é imprescindível que façam, sempre que necessário, uma “DRF” (Discutir a Relação Financeira).

Para que haja uma DRF civilizada entre o casal, a premissa mais importante é a empatia. Portanto, é preciso considerar o estágio da carreira, as possibilidades de trabalho que o outro tem, se a pessoa está em uma área que paga menos, além de questões anteriores, como dívidas ou a necessidade de ajudar a família. A partir daí, Natalia sugere mapear com o parceiro ou parceira as opções para equacionar as contas e concretizar os planos.

"Eu costumo recomendar às pessoas que anotem todos esses gastos (conjuntos e individuais) e façam as contas – de preferência, no papel mesmo – para estudar como poderiam atingir seus objetivos como casal. Aí cada um pode avaliar do que está disposto a abrir mão para alcançar essas metas. Claro, sempre prezando por um equilíbrio", defende a consultora do Ateliê Financeiro.

Natália sugere que tudo deve ser considerado nas finanças conjuntas. Se uma das pessoas assume uma tarefa que gera economia para ambos – como a faxina da casa, dispensando a contratação desse serviço por fora, ou levar os filhos para a escola, no lugar de pagar um transporte escolar – essa contribuição para a renda da família precisa ser contabilizada.

Como conseguir estabelecer um compromisso financeiro entre duas pessoas, com histórias e experiências de vida diferentes, especialmente no que se refere ao dinheiro? Para a psicóloga Cleide Guimarães, entrevistada em uma matéria publicada pelo UOL, entender o modelo que se teve em casa com os pais e enxergar que o outro foi criado de forma diferente é o caminho para o casal saber administrar bem as finanças.

“Quando essas diferenças são muito distintas, se não forem bem administradas podem gerar uma batalha", afirma. Em seu livro "Até que o Dinheiro Nos Separe”, publicado pela Editora Saraiva, Cleide lista uma série de questionamentos para instigar a reflexão do casal sobre a questão do dinheiro na sua vida conjugal, tais como:

O que valorizamos em nossas vidas e em relação ao dinheiro?

Concordamos em como gastar e não gastar o dinheiro?

Experimentamos dificuldades quando percebemos que nossos estilos de gastar são diferentes?

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