Ecoansiedade: um fardo para a saúde mental

Ecoansiedade: um fardo para a saúde mental

Segundo Gabriela Maraccinida, em matéria para a CNN, diante de eventos climáticos extremos, como as ondas de calor recentes e as enchentes que vitimizaram milhares de famílias no Rio Grande do Sul, um novo termo busca caracterizar as angústias relacionadas ao meio ambiente: a ecoansiedade. Também chamado de “ansiedade climática”, o termo já foi incorporado pelo dicionário de Oxford e é definido pela Associação Americana de Psicologia como “medo crônico da catástrofe ambiental”.

O termo ecoansiedade começou a ser utilizado na literatura de ecopsicologia na década de 1990. Porém, diante das mudanças climáticas recentes, o tema está ganhando maior projeção. Um estudo publicado em 2021 na revista científica The Lancet Planet Health, realizado com mais de 10 mil crianças e jovens (entre 16 e 25 anos) de dez países, incluindo o Brasil, mostrou que a preocupação com as alterações climáticas era comum entre os entrevistados.

O estudo apontou que 75% dos entrevistados pensam que o futuro é assustador e 83% afirmaram que acham que as pessoas falharam em cuidar do planeta. “Há uma necessidade urgente de mais investigação sobre o impacto emocional das alterações climáticas nas crianças e nos jovens e de que os governos validem a sua angústia, tomando medidas urgentes sobre as alterações climáticas”, escreveram os autores no estudo.

Marcos Gebara, especialista em psiquiatria clínica e presidente da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro, comenta que a ecoansiedade pode ser potencializada pelo noticiário e pelas redes sociais, já que levam a um excesso de informações sobre eventos adversos relacionados ao clima. “Evidentemente, quem sofre diretamente com esses eventos sente essa ansiedade de forma muito pior, mas quem está acompanhando de longe a situação também sofre muito”, afirma Gebara.

Com as mudanças climáticas e eventos extremos recorrentes, a forma de aliviar a ecoansiedade pode incluir, além de buscar fontes confiáveis sobre esses temas, ajudar de forma prática. “Por exemplo, no caso do RS, é possível ajudar as vítimas, fazendo doações. O ato de ajudar alivia demais a ansiedade gerada pelas imagens”, sugere Gebara.

Segundo o site da Iberdrola, para combater a ecoansiedade, além de ajudar de forma prática vítimas de catástrofes climáticas, podemos adotar algumas atitudes concretas no dia a dia, tais como:
 

  • Conhecer o inimigo é fundamental e é aqui onde entra em cena a educação contra as mudanças climáticas. Conscientize a si mesmo e os demais sobre esse problema;
  • Aposte em um consumo responsável e na reciclagem para proteger ao máximo o meio ambiente. Reduza também o consumo de plástico;
  • Faça atividades sustentáveis, como construir uma horta urbana ou praticar plogging que consiste em coletar lixo plástico enquanto se pratica uma corrida leve;
  • Aposte na mobilidade sustentável e na alimentação sustentável. Sua saúde e a do planeta agradecem;
  • Evite as pequenas ações que poluem, tais como deixar a torneira aberta ou jogar um chiclete no chão, porque os pequenos detalhes também são importantes.


Uma notícia positiva sobre o combate à ecoansiedade é que os problemas climáticos estão mudando a consciência de grande parte da população acerca da necessidade de cuidar do planeta. Um estudo realizado pela empresa de tendências globais WGSN, revela que 90% dos entrevistados em âmbito mundial afirmam que pensar na crise climática lhes provoca incomodidade em relação ao seu futuro, um incômodo que, especialmente nos mais jovens, se transforma em um ativismo ecológico como o representado pela icônica Greta Thunberg e que faz pensar em um futuro mais próspero para o planeta.

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