Equilíbrio da vida pessoal e profissional no home office

Equilíbrio da vida pessoal e profissional no home office

A rotina de trabalho remoto na pandemia, de acordo Flávia G. Pinho, em matéria publicada na Folha de São Paulo, descortinou novos dilemas no mundo do trabalho – ou tornou mais comum alguns que sempre existiram, como a dificuldade de equilibrar a vida profissional e a pessoal.

Uma pesquisa realizada pela Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), realizada entre os dia 13 e 27 de abril com 464 pessoas, mostrou que a maior parte dos profissionais (56%) tem problemas para conciliar os dois universos. E quase metade dos entrevistados disse que a carga de trabalho aumentou durante a quarentena.

Apesar das dificuldades, Pinho comenta que outro estudo, desenvolvido pela consultoria Mazars, mostra que a maioria dos profissionais (58,2%) afirma que conseguiu manter a produtividade ou até aumentá-la no home office. Os impactos dessa nova rotina estressante ainda estão sendo assimilados pelas empresas. "Sintomas de ansiedade, depressão, insônia e irritabilidade passaram a ser cada vez mais relatados às equipes de RH", afirma Fabio Pecequilo, sócio da Mazars.

Profissional da área de investimentos do banco Pine, que colocou todos os seus 402 funcionários em home office, Maria Claudia Prado, 36, estreou no trabalho remoto durante a pandemia e logo descobriu que, sem muita organização doméstica, não conseguiria dar conta do recado. Casada e mãe de um menino de dois anos, que deixou de ir para a escola, ela dispensou diarista e babá e precisou escalonar o tempo levando em conta a agenda do marido. "Tenho horários definidos para cada tarefa profissional e pessoal. Mas nem sempre funciona muito bem. Afinal, há dias caóticos", afirma Maria Claudia.

Mas conciliar os afazeres domésticos e profissionais não foi o único problema trazido pelo home office. Pinho afirma que uma pesquisa interna do Banco Pine demonstrou, por exemplo, que a maioria dos colaboradores enfrentava dificuldades com a internet doméstica de baixa velocidade. Segundo a superintendente de RH, foi preciso fornecer ajuda de custo provisória de R$ 100 para que todos melhorassem seus pacotes de dados, e desenvolver uma cartilha com dicas de produtividade.

Pinho comenta que dificuldades também foram encontradas por empresas de pequeno porte. Dono de um escritório de arquitetura com 15 funcionários, o arquiteto Bruno Moraes pôs toda a equipe em trabalho remoto em meados de março, tão logo começou a quarentena, pois a infraestrutura tecnológica estava pronta. "Já tinha toda a operação online, das compras à gestão financeira, e os funcionários tinham acesso por meio de um aplicativo. Esta parte foi fácil", conta Bruno.

Só que faltavam, a boa parte da equipe, espaços domésticos adequados para trabalhar. Para resolver o problema, Moraes emprestou cadeiras do escritório e permitiu que todos levassem os seus computadores. A medida foi fundamental para que a arquiteta Mariam Ayde, 37, cumprisse suas funções de forma remota. Mas ela passou por alguns apertos. "Moro em uma casa pequena de três dormitórios, com meus pais, um casal de irmãos e três cachorros. Com todos trabalhando em casa, fizemos uma escala para dividir os ambientes, mas foi um mico só. Como sou a caçula, ficava movendo o computador de um lado para outro", comenta Mariam.

Assim que o escritório reabriu, em julho, Mariam devolveu a cadeira e passou a alternar dias de trabalho remoto e presencial, sempre levando o computador embaixo do braço. Mas ela não pretende deixar de fazer home office, pelo contrário. "Quero morar sozinha para montar uma estrutura melhor e passar a trabalhar mais em casa. Como levo 40 minutos para chegar ao escritório, vou aproveitar esse tempo", afirma Mariam.

Fonte: 
https://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/carreiras/2020/07/maioria-tem-dificuldade-para-equilibrar-vida-pessoal-e-profissional-no-home-office.shtml
 

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