Estácio teria orgulho da estratégia da Estácio?

Estácio teria orgulho da estratégia da Estácio?

No Rio de Janeiro, o nome Estácio foi utilizado para batizar um bairro, uma escola de samba e uma instituição de ensino. Tal nome é muito conhecido entre os cariocas, pois a cidade do Rio de Janeiro foi fundada por ele em 1 de março de 1565, em terreno entre o morro Cara de Cão e o morro do Pão de Açúcar. Estácio de Sá era sobrinho de Mem de Sá (terceiro governador-geral do Brasil, de 1558 a 1572) e chegou ao Brasil em 1563 com a missão de expulsar definitivamente os franceses remanescentes na Baía de Guanabara e ali fundar uma cidade.

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Estácio de Sá (frequentemente referido apenas como Estácio de Sá) é uma escola de samba brasileira da cidade do Rio de Janeiro. Foi fundado em 27 de fevereiro de 1955 com o nome Unidos de São Carlos. O nome "Estácio de Sá" foi adotado em 1983 para representar não só o Morro de São Carlos, mas todo bairro do Estácio.

Em 1970, nasce a Faculdade de Direito Estácio de Sá, em uma pequena casa na zona norte do Rio de Janeiro. Seu fundador, o magistrado João Uchôa Cavalcanti Netto, cria um projeto pedagógico inovador, conseguindo, em pouco tempo, que o curso se torne um modelo de ensino na área de Direito no Brasil. Desde então, tal instituição de ensino cresceu de forma vertiginosa, principalmente a partir do século XXI, com a abertura do capital na bolsa (2007) e ao se associar à GP Investments (2008).

Para uma organização crescer de forma sustentável é preciso que, ao adotar suas estratégias, leve em conta o conceito de desenvolvimento sustentável, que significa obter crescimento econômico, que é o objetivo dos investidores, porém, garantindo a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social para o presente e gerações futuras.

Visando simplesmente obter crescimento econômico, no mês de dezembro de 2017, os gestores da instituição de ensino Estácio adotaram uma estratégia que afetou negativamente sua imagem perante o mercado, demitiu 1.200 professores em todo o Brasil. Por meio de um comunicado oficial, a instituição forneceu a seguinte justificativa para as demissões: "Tais medidas visam sempre respeitar os anseios de satisfação dos alunos e a constante evolução da excelência acadêmica da Estácio, que segue comprometida com sua missão de Educar para Transformar, oferecendo educação de qualidade em todo o País".

Ao ouvir tal justificativa, acredito que Estácio de Sá, o empreendedor que fundou a cidade do Rio de Janeiro, remexeu-se em seu túmulo, pois precisava fazer as seguintes perguntas:

De que forma a demissão de 1.200 professores poderá respeitar os anseios de satisfação dos alunos e a constante evolução da excelência acadêmica da Estácio?

Como a demissão de 1.200 professores contribui para a missão de Educar para Transformar, oferecendo educação de qualidade em todo o País?

Acredito que os gestores da instituição de ensino Estácio devem essas respostas não só a ele, de quem pegaram o nome para batizar a instituição de ensino, devem também aos 1.200 professores demitidos, ao milhares de alunos que lá estudam e às organizações que contrataram tais alunos, acreditando que adquiririam conhecimentos importantes para aumentar a eficiência das mesmas.

Se eu fosse Estácio de Sá, sinceramente, não teria orgulho de ver meu nome em uma instituição de ensino que adota uma estratégia de crescimento econômico sem levar em conta o conceito de desenvolvimento social, que se refere tanto ao capital humano como ao capital social de uma sociedade. Ele significa e consiste em uma evolução ou mudança positiva nas relações entre os indivíduos, grupos e instituições de uma sociedade, sendo o bem-estar social seu projeto futuro.

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