Gestão de conflitos em empresas familiares

Gestão de conflitos em empresas familiares

O processo de gestão em empresas familiares é algo muito complexo. A diferença geracional pode causar atritos e, muitas vezes, colocar tudo a perder – tanto a família quanto a empresa. Justamente com foco neste tema, no início de maio, a HSM promoveu o fórumFamily Business, trazendo alguns dos maiores especialistas sobre o assunto para palestrar durante dois dias.


Ter conversas espinhosas com colegas é ruim, mas pode ser ainda mais delicado quando se trata de família. Douglas Stone, que leciona Negociação e Gestão de Conflitos na Harvard Law School, esteve no fórum e forneceu valiosas dicas para um melhor entendimento nesse tipo de situação.

“A lacuna entre o que dizemos e o que pensamos precisa ser diminuída. As boas relações em uma empresa não são necessariamente definidas pela falta de conflito, e sim pelo modo como eles são resolvidos”, comenta Stone. Para ele, se você quiser entender o retorno de uma conversa, precisa ir além do que as pessoas dizem e “ouvir” o que elas realmente pensam e sentem. “Antes de tentar convencer alguém de que seu ponto de vista está certo, pergunte e entenda por que há uma discordância”, ensina.

Em relação ao processo de sucessão, que é um dos maiores desafios a serem enfrentados pelas empresas familiares, vale a pena conhecer algumas dicas do italiano Gildo Zegna, diretor executivo do Ermenegildo Zegna Group, empresa de alta-costura masculina fundada por seu avô em 1910. Atualmente, a empresa possui 543 lojas ao redor do mundo e é líder mundial em seu setor.

“Temos um pacto familiar, regras que assumimos para que a família continue no controle. Somos claros quanto a isso. Quando um membro da família faz 18 anos, sabe as oportunidades que tem e o que precisa fazer para ser admitido na empresa. Ele passa por uma seleção. Cada um deles precisa saber que estamos gerindo um ativo precioso, tanto por quem veio antes quanto pelos acionistas. Jamais fazemos nepotismo. O que conta é a meritocracia”, explica Zegna, acrescentando que tudo isso está em contrato, por escrito e com aval dos familiares.

Zegna diz ainda que a empresa incentiva talentos de fora da família, para que eles floresçam e ajudem a organização em posições de destaque. Dentro da empresa, há um conselho administrativo que atua juntamente com a área de RH, visando selecionar os mais aptos a ocupar determinadas funções, mesmo entre os familiares. “Um jovem da família Zegna só será admitido caso seja mais capacitado que o de fora. Essa é a principal regra de nosso processo de sucessão”, comenta.

“Não tentem imitar seus antecessores. Pensem em como contribuir com mais um andar no edifício. Mantenha os valores, a identidade, mas crie algo novo. Lembrem-se da história, mas vivam intensamente o presente, com um olho no futuro”, aconselha Zegna.

Fonte: Revista Administrador Profissional – n°335 – maio 2014.

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