A guerra dos sexos no orçamento familiar

A guerra dos sexos no orçamento familiar

Felizmente, o movimento feminista, que se iniciou no século passado, conseguiu expressivas conquistas em relação à igualdade entre os sexos. Sei que ainda há muito a ser feito, mas, ao lembrarmos que, no passado, as mulheres não podiam nem votar, a evolução que ocorreu nas últimas décadas é inegável. Não há dúvidas que as mulheres devem ter os mesmos direitos que os homens, porém, não seria justo também que tivessem os mesmos deveres?

Outro dia, encontrei uma amiga em um posto de combustíveis. Perguntei como estava seu marido, que era meu amigo na adolescência. Ela disse que ele estava desempregado há três anos e estava vivendo de pequenos “biscates”. Segundo ela, esse foi o motivo que a levou a separação: – Eu não aguentava mais carregá-lo nas costas! Foi quando me lembrei que, durante os quinze anos que viveram juntos, ele a carregou nas costas durante doze, pois ela não trabalhava fora de casa. Logicamente, antes de crucificá-la, precisaria entender melhor a relação entre os dois. Porém, uma coisa é certa: as mulheres são feministas para algumas coisas, porém, para outras, são extremamente machistas, principalmente quando há dinheiro envolvido.

Segundo o site UOL, você já deve ter presenciado uma mulher que defende com unhas e dentes o direito de salários iguais aos dos homens. Mas, quando o assunto muda de rumo, ela defende com as mesmas unhas e os mesmos dentes que, em um primeiro jantar romântico, eles (e somente eles) devem pagar a conta. Caso a conta seja do motel, então, outra possibilidade nem se cogita.

De acordo com a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, muitas mulheres gostam de usufruir da emancipação feminina (transar com quem quiser, separar-se quando desejar, ter um namorado após o outro), mas não querem arcar com o ônus dessa emancipação. "Enquanto a mulher não entender que deve lutar por direitos e deveres iguais, continuará sendo considerada inferior. Afinal, durante milênios, as mulheres foram vistas como desinteressantes, fúteis, incompetentes e pouco inteligentes", diz a psicanalista. De acordo com Regina, a mulher que vai ao motel e acredita que o homem deve pagar a conta sozinho, simplesmente pelo fato de ser homem, não contribui em nada para que o sexo feminino seja respeitado. "Será que não está na hora de mudar essa mentalidade tão nociva?", pergunta ela.

"Não sei que mulher é essa que defende salários iguais e não quer dividir a conta", diz a socióloga Nina Madsen, do Centro Feminista de Estudos e Assessoria, em Brasília. "É uma visão estereotipada de que a gente já conquistou tudo e quer mesmo é ser tutelada pelo homem. Ser feminista significa lutar por ideais, direitos e igualdade".

Diante de tais considerações, em relação à condução do orçamento familiar, nós, os homens, devemos ser radicalmente feministas, ou seja, devemos incentivar nossas mulheres a “trabalhar fora” e exigir que dividam todos os gastos da casa. Porém, por outro lado, não podemos nos esquecer que elas fazem dupla jornada de trabalho, pois somos machistas e achamos que devem ser responsáveis por cuidar da casa. Portanto, caso exijamos que elas dividam os gastos, devemos ser coerentes e dividir o serviço da casa. Por falar nisso, preciso encerrar logo este artigo, pois há uma “louça gigante” na pia para eu lavar.


 

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