Horas trabalhadas versus produtividade

Horas trabalhadas versus produtividade

Trabalhar menos horas pode significar um aumento na produtividade. Isso é o que sugere um levantamento da consultoria inglesa Expert Market, que analisou dados de 36 países (o Brasil não está entre eles). O estudo dividiu o Produto Interno Bruto (PIB) per capita - que representa a produção por pessoa, em libras (moeda britânica) - pelo número de horas trabalhadas, em média, por ano.

Sete países que estão entre as maiores economias do mundo aparecem entre os dez com menor número de horas trabalhadas: Luxemburgo, Noruega, Suíça, Holanda, Alemanha, Dinamarca e Suécia. Entre os 36 países, a Alemanha tem o menor número de horas de trabalho por ano: 1.371 por pessoa - abaixo da média mundial, de 1.762 horas. Mesmo trabalhando menos horas, o país ficou em sexto em termos de produtividade. Por lá, cada pessoa gera, em média, 25,95 libras por hora. O campeão de produtividade foi Luxemburgo, onde uma pessoa gera 45,71 libras, em média, por hora. O país é o 10º com o menor número de horas trabalhadas por ano.

A ponta de baixo do ranking também parece comprovar a tese de que menos horas de trabalho ajudam a aumentar a produtividade, segundo a consultoria. Oito países aparecem tanto na lista dos dez com mais horas de trabalho, quanto entre os dez com menor produtividade: México, Costa Rica, Grécia, Chile, Rússia, Letônia, Polônia e Estônia. O México, por exemplo, é o país com o maior número de horas trabalhadas: 2.228 ao ano. Logo atrás aparece a Costa Rica, com 2.216. Os dois países também aparecem como os últimos em termos de produtividade.

Em julho desse ano, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, gerou polêmica ao defender mudanças nas leis trabalhistas e citar como exemplo o caso da França, afirmando que o país aprovou a jornada de trabalho de até 80 horas semanais.

"Nós aqui no Brasil temos 44 horas de trabalho semanais. As centrais sindicais tentam passar esse número para 40. A França, que tem 36 horas, passou a ter agora a possibilidade de até 80 horas de trabalho semanal [na verdade, são 60 horas] e até 12 horas diárias de trabalho", afirmou. Depois das declarações, a CNI divulgou nota dizendo que o presidente da confederação não defendeu o aumento da jornada de trabalho no Brasil.

Portanto, caro senhor Robson, sua declaração foi mesmo infeliz, pois se o objetivo for aumentar a produtividade da indústria, o aumento sugerido do número de horas a serem trabalhadas pelos operários, na prática, não surtirá um efeito positivo. Pelo contrário, o efeito será negativo. Há um século, Henry Ford já sabia disso, pois uma de suas estratégias para aumentar a produtividade de seus operários foi diminuir o número de horas diárias trabalhadas de 12 para oito.

Fonte: https://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2016/08/15/trabalhar-menos-horas-aumenta-produtividade-consultoria-sugere-que-sim.htm#fotoNav=10

 

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