IA no trabalho: preconceito a ser combatido

IA no trabalho: preconceito a ser combatido

Segundo Leo Caparroz, em matéria para a Você SA, um trio de analistas de negócios da Duke University, nos Estados Unidos, descobriu que pessoas que usam aplicativos de Inteligência Artificial (IA) no trabalho são percebidas por seus colegas como preguiçosas e menos competentes do que aquelas que não os utilizam.

Nos últimos dois anos, aplicativos de IA como o ChatGPT tornaram-se populares tanto para fins recreativos quanto profissionais. Diante desse cenário, a pesquisa realizada pelo trio de pesquisadores visou analisar como o uso da IA é visto pelas pessoas na força de trabalho. O trabalho envolveu a realização de quatro experimentos online, com 4,4 mil participantes. O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

No primeiro experimento, os pesquisadores pediram aos participantes que se imaginassem usando um aplicativo de IA ou uma ferramenta de criação de painéis para concluir projetos de trabalho. Eles perguntaram a esses mesmos usuários como eles achavam que outras pessoas em seu local de trabalho os veriam se usassem tais aplicativos. Os pesquisadores descobriram que muitos dos entrevistados acreditavam que seriam julgados como preguiçosos e menos competentes. Eles também sugeriram que poderiam ser vistos como mais facilmente substituídos do que aqueles que se recusavam a usar esses aplicativos para realizar seu trabalho.

No segundo, os participantes tiveram que descrever como viam os colegas de trabalho que usavam aplicativos de IA para realizar seu trabalho. Os pesquisadores descobriram que muitos viam esses colegas como menos competentes em seus trabalhos, preguiçosos, menos independentes, menos autoconfiantes e menos diligentes.

No terceiro experimento, os participantes deveriam fingir que eram gerentes que estavam contratando alguém para um cargo. Eles descobriram que esses “gerentes” eram menos propensos a contratar alguém se esse candidato admitisse usar IA para realizar seu trabalho. Mas tinha uma exceção: se o gerente era alguém que usava IA no trabalho, essa prática não tinha tanto peso.

No quarto e último experimento, os pesquisadores questionaram os voluntários sobre outro aspecto do uso de IA no trabalho: quando ela era reconhecidamente útil. Em tais cenários, as percepções negativas diminuíram em grande parte.

A equipe de pesquisa observa que um fator fez a diferença em todos os seus experimentos: se os participantes realmente usaram IA no trabalho, eles viram seu uso por si próprios ou por outros de uma forma muito mais produtiva.

Para combater o preconceito contra o uso da inteligência artificial no ambiente de trabalho, é essencial promover uma cultura de conscientização e educação. Profissionais que utilizam IA devem explicar claramente como essa tecnologia potencializa a produtividade, melhora a qualidade do trabalho e permite foco em tarefas mais estratégicas. Compartilhar resultados concretos obtidos com o uso da IA também ajuda a demonstrar competência e justificar sua adoção. Além disso, realizar treinamentos internos pode mostrar aos colegas como a IA pode ser uma aliada para todos, reduzindo a resistência e desmistificando seu uso.

Outra estratégia eficaz é fomentar a colaboração entre usuários de IA e demais membros da equipe, incentivando o uso ético e transparente da tecnologia. Mostrar-se disponível para ensinar colegas e dividir conhecimentos sobre ferramentas de IA contribui para a construção de um ambiente mais inclusivo e menos competitivo. Também é importante que líderes reconheçam e valorizem iniciativas inovadoras, reforçando que o uso inteligente de recursos tecnológicos é um sinal de adaptação e visão de futuro — e não de preguiça. Assim, o preconceito tende a dar lugar ao respeito e à admiração.

Visando reduzir tal preconceito, não poderia deixar de fazer a minha parte: gostaria de informar que utilizei o ChatGPT para elaborar os dois últimos parágrafos desse texto. A IA tem se consolidado como uma das mais importantes inovações tecnológicas dos últimos tempos, despertando tanto entusiasmo quanto receio. Uma das maiores preocupações está relacionada à ideia de que poderá substituir completamente os seres humanos em diversas funções. No entanto, é fundamental compreender que essa tecnologia foi desenvolvida, acima de tudo, como uma ferramenta de apoio, ou seja, destinada a ampliar as capacidades humanas, não a eliminá-las.

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