IGP-M de 31,1% gera pânico nos locatários de imóveis

IGP-M de 31,1% gera pânico nos locatários de imóveis

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), indicador usado para reajustar muitos contratos de locação, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que elabora o cálculo desse índice, vem registrando aumentos consecutivos: 2,94% em março, 8,26% no ano e 31,1% em 12 meses. A FGV comenta que esse é o maior percentual de reajuste dos últimos 18 anos.

Márcia Rodrigues, em matéria para o R7, afirma que o descolamento do IGP-M em relação ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial dos brasileiros, vem gerando preocupação para inquilinos e proprietários de imóveis. Enquanto o IGP-M acumula alta de 31,1%, a inflação projetada para o IPCA é de 4,81% ao ano.

Rodrigues comenta que o servidor público Leandro Reis, por exemplo, levou um susto ao receber o boleto do aluguel de abril. Seu contrato faz aniversário neste mês e sofreu reajuste de 28%. Reis ligou para a administradora do prédio para saber o motivo, soube sobre a alta do IGP-M e pediu uma negociação. Dois dias depois, o informaram que a proprietária do imóvel concordou em aplicar um reajuste mais próximo do IPCA: 5,20%.

A iniciativa tomada pela administradora do prédio do servidor público, segundo Rodrigues, é a recomendada pelo Sindicato das Empresas de Compra Venda, Imóveis de São Paulo (Secovi-SP) e já vem sendo adotada por outras administradoras do mercado imobiliário. Para Adriano Sartori, vice-presidente de gestão patrimonial e locação do Secovi-SP, hoje, mais do que nunca, é importante negociar.

Sartori destaca que desde o início da pandemia, a relação proprietário e inquilino ficou muito instável por causa da questão financeira. Ele também explica que cerca de 70% dos proprietários de residências possuem apenas um imóvel e utilizam o valor do aluguel como renda familiar ou para complementar a aposentadoria.

Por outro lado, o inquilino também precisa de um alívio financeiro neste momento de crise gerada pela pandemia do Covid-19. Sartori ressalta que locatário e locador podem chegar a um percentual de reajuste que seja bom para ambos.

“Diante dessa crise, dificilmente será possível repassar ao locatário um reajuste entre 20% e 30%”, comenta Sartori. Portanto, a recomendação do Secovi é que os donos de imóveis acompanhem o desempenho de índices que apresentaram elevações mais próximas da realidade do brasileiro, como o IPCA, por exemplo. A melhor alternativa seria fixar um reajuste que fique entre o IPCA e o IGP-M.

Rodrigues comenta que, atualmente, segundo levantamento do Secovi, 90% dos imóveis residenciais são reajustados pelo IGP-M. “O mercado adotou o IGP-M por ser um índice criado pela FGV, que é uma instituição privada com muita credibilidade, enquanto que o IPCA é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma instituição vinculada ao governo”, explica Sartori.

Porém, Sartori afirma que algumas administradoras começaram a adotar o IPCA em novos contratos. É o caso da Quinto Andar, que segundo ele já tem 30% da sua carteira atrelada ao IPCA, e da Lello Imóveis. Moira Toledo, diretora de risco e governança da Lello, diz que a administradora e imobiliária vem orientando proprietários e inquilinos a negociarem o reajuste assim que o IGP-M começou a atingir patamares elevados. 

“Não esperamos locatário e locador reclamarem. Vimos o descolamento do IGP-M e dos novos valores de aluguel a partir de outubro do ano passado e começamos a sugerir uma alternativa mais palpável para ambos. Para os contratos novos, temos sugerido o IPCA como índice de correção”, conta a executiva.

Diante dessas constatações, caso seja locatário de um imóvel, residencial ou comercial, não precisa entrar em pânico caso receba uma notificação de que o valor do seu aluguel irá aumentar 31,1%, pois você pode (e deve) negociar um reajuste bem menor. 
 

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