A importância da vacina para a retomada da economia

A importância da vacina para a retomada da economia

De acordo com José Paulo Kupfer, em matéria para o UOL, os prejuízos causados ao Brasil em decorrência do negacionismo do presidente Jair Bolsonaro, em relação à pandemia de Covid-19, ainda não podem ser inteiramente calculados. O maior prejuízo está relacionado ao número de vidas perdidas, já acima de 200 mil brasileiros, e de infectados, que já passa de 8,5 milhões, muitos com sequelas irreversíveis.

Por outro lado, na economia, Kupfer comenta que os prejuízos podem ser contabilizados. Eles se avolumam e mostram tendência de se tornarem gigantescos. Novos estudos e relatórios, com dados mais concretos, têm sido divulgados, nos últimos dias, relacionando o início da vacinação e a velocidade de imunização com as oscilações previstas para a atividade econômica ao longo de 2021. Essas são as variáveis que permitirão ou não estancar o colapso do sistema hospitalar, liberando ou não a economia para funcionar sem tantas amarras.

Na medida em que vai ficando claro que o governo federal fracassou na obtenção inicial de um volume suficiente de imunizantes, assim como na montagem de um plano eficaz de vacinação rápida, Kupfer afirma que começam a pipocar projeções negativas para o desempenho econômico em 2021. O atraso no início efetivo da aplicação das doses, a provável intermitência na imunização, por falta de vacina, e, enfim, a incompetência logística que produzirá o prolongamento do processo, transbordando o fim do ano, estão na raiz das previsões de um PIB menor do que o inicialmente estimado.

Para ratificar sua afirmação, Kupfer cita que o grupo financeiro francês BNP Paribas, oitavo no ranking mundial, e com atuação em 72 países, por exemplo, enviou a seus clientes, nesta terça-feira (19), um relatório em que rebaixa sua projeção de crescimento da economia em 2021, ao mesmo tempo em que eleva a estimativa da inflação. Os atrasos e o menor alcance da vacinação, combinado com a sombria hipótese de que o pico da segunda onda de contágio, no Brasil, mais severa do que a primeira, se dará em meados do primeiro semestre estão no centro das causas das novas e mais pessimistas projeções.

É um diagnóstico semelhante ao do economista Affonso Celso Pastore, referência em análise de conjuntura no Brasil. Em boletim a clientes de sua consultoria, na segunda-feira (18), Pastore resumiu assim as dificuldades que farão as projeções para a evolução do PIB em 2021 descerem para 3%: "Ao afetar negativamente a popularidade de Bolsonaro, o fracasso do governo federal na elaboração de um plano eficaz de vacinação, a violência da segunda onda de contágio, e a piora da atividade econômica aumentam os riscos de uma reação fiscal desordenada, com reflexos no câmbio, dificultando a tarefa do Banco Central."

A variável chave para o desempenho da economia em 2021, já um consenso entre os economistas, segundo Kupfer, é, sem dúvida, a evolução da pandemia e a possibilidade de sua contenção pela vacinação. Se a demanda hospitalar para tratamento de Covid-19 não for contida, o sistema entrará em colapso, como já entrou em Manaus e ameaça implodir por outras localidades, com uma dramática escassez de oxigênio. Em consequência, não só lockdowns serão inevitáveis, como a própria população tenderá a adotar, voluntariamente, medidas de distanciamento, colaborando para a paralisação da atividade econômica.

Ao liderar ativamente esse movimento negacionista, Kupfer afirma que Bolsonaro fez o país apostar numa única vacina e boicotou esforços de governadores na negociação de outros imunizantes. Além disso, bombardeou negociações com países fabricantes, em especial a China, país alvo de provocações sem sentido dele e de seu filho Eduardo, presidente da Comissão de Relações Exteriores, da Câmara dos Deputados, e do chanceler Ernesto Araújo.

Em minha opinião, para que esse problema gravíssimo seja solucionado, é preciso que Bolsonaro deixe de brincar de ser presidente e assuma um papel de estadista. É imprescindível que ele pare de discursar e de adotar atitudes para agradar seus seguidores, que parecem fazer parte de uma seita, pois aplaudem tudo o que ele faz, por mais bizarro que seja.

Torço para que esses seguidores, principalmente os “antivacina”, sejam acordados do transe no qual foram colocados e comecem a cobrar do seu “mito” atitudes concretas para que o Brasil possa sair da situação na qual se encontra. Quem sabe se a plateia do cercadinho (em frente ao Palácio da Alvorada) e do “cercadão” (redes sociais) pararem de bater palmas para tudo que o “mito” faz, ele efetivamente comece a colocar o “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.
 

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