Logística: o calcanhar de Aquiles para a competitividade do Brasil

Logística: o calcanhar de Aquiles para a competitividade do Brasil

Uma pesquisa recente do Banco Mundial (Bird) sobre logística de transportes mostrou o Brasil despencando 20 posições no ranking mundial. O relatório levou em consideração a percepção dos empresários em relação à eficiência da infraestrutura de transportes. O Brasil passou a ocupar a 65ª posição no ranking.

Apesar da queda no ranking do Bird, o setor movimenta cerca de 11,5% do PIB nacional, algo em torno de R$ 520 bilhões. Além disso, em termos de postos de trabalho, as áreas da logística têm empregado aproximadamente 1,8 milhões de prestadores de serviços. Apesar de todo esse aparente gigantismo, os números ainda estão aquém daquilo que um País com as dimensões do nosso poderia alcançar.

Para o administrador Luis Marcelo Oliveira, da 7 ATLog, empresa de logística, o nosso maior gargalo não é físico. “Os problemas de infraestrutura já são bastante conhecidos e podem sim ser resolvidos. A maior dificuldade está na qualidade e na formação dos profissionais que atuam na área. Existe uma falta de entendimento em relação ao setor. Logística não é só transporte e armazenamento. Logística envolve o fluxo de mercadorias e serviços, e como eles podem ser feitos de forma rápida e com menos custo. Portanto, ela não é feita somente com estradas, caminhões e galpões. Logística com qualidade demanda informações confiáveis e pessoas capacitadas”, garante Oliveira.

A preocupação com a qualificação dos colaboradores também é compartilhada por Marco Antonio Oliveira Neves, diretor da Tigerlog. “Mão de obra é o nosso maior gargalo. No mercado, faltam motoristas de caminhão, conferentes, empilhadores e coordenadores de logística. Não estamos valorizando a área operacional. Hoje, algo entre 8% a 15% da nossa frota de caminhões está parada pelo fato do déficit de motoristas ser de aproximadamente 150 mil”, comenta Neves.

Para o administrador Domingos Alves Corrêa Neto, além da falta de qualificação dos colaboradores, outro grave problema deve ser destacado: os custos com o processo de logística em nosso país são muito altos devido à predominância do transporte rodoviário. Segundo ele, as empresas brasileiras fazem escoar 66,6% de toda a sua produção pelas rodovias, 18,6% por ferrovias e apenas 11,7% utilizando o modal hidroviário. “Essa concentração prejudica nossa competitividade, pois torna o custo das operações muito alto. Os investimentos em rodovias tiveram sua importância nas décadas passadas. Agora, precisamos pensar nossos modais de transporte de forma mais integrada e revalorizar as ferrovias”, afirma Neto. O Vice-Presidente da Abralog, Edson Carillo, comenta que, basicamente, o Brasil é movimentado pelo modal rodoviário (caminhões), que é um dos meios mais caros de se transportar mercadorias, em especial para longas distâncias.

Fonte: Revista Administrador Profissional – n°334 – abril 2014.

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