Manias que fazem o carro beber mais

Manias que fazem o carro beber mais

De acordo com Alessandro Reis, em matéria para o UOL, o preço dos combustíveis já estava nas alturas nos últimos meses e ficou ainda mais salgado com a guerra da Rússia contra a Ucrânia, que levou a uma disparada no custo da gasolina nos postos ao redor do mundo – os russos estão entre os principais produtores de petróleo do mundo e enfrentam embargos e sanções econômicas devido ao conflito.

 

Sabia que a maneira como você dirige tem influência direta no consumo do veículo? Contudo, algumas práticas consideradas aliadas para reduzir o gasto com abastecimento, na verdade, têm efeito contrário– e podem reduzir a vida útil de componentes do carro, causando ainda mais prejuízo. Reis listou os cinco erros mais comuns cometidos por motoristas em busca de economia.

 

1) Calibrar pneus quentes

 

Calibrar pneus quentes faz com que você ajuste pressão inferior à indicada, aumentando gasto de combustível. De acordo com estudo realizado pela Continental em cem postos de abastecimento das cidades de São Paulo e Jundiaí, 34% dos motoristas consultados estavam rodando com pneus descalibrados, de um total de 3,5 mil veículos vistoriados.

 

Segundo a empresa, a cada 3 psi abaixo da especificação indicada, o consumo aumenta em 2%. Segundo a fabricante de pneus, ao rodar 30 mil km em um ano com a pressão abaixo da recomendada, perde-se cerca de 55 litros de combustível. A calibragem, no entanto, deve ser feita do jeito certo. Se você está habituado a fazê-la com os pneus já quentes, isso na verdade só aumenta o consumo.

 

Isso acontece por uma razão: como o ar aquecido se expande, a pressão aplicada fica abaixo daquela indicada no manual do proprietário. Isso eleva a área de contato do pneu com o piso, demandando mais energia para percorrer determinada distância. Sem contar que pneu com pressão baixa sofre desgaste prematuro e pode até ser danificado. A recomendação das montadoras é fazer o ajuste com o veículo parado há pelo menos uma hora ou que tenha rodado não mais do que 3 km em velocidade reduzida.

 

2) Dirigir na “banguela”

 

Um hábito que muitos acreditam ser benéfico para reduzir o consumo é andar na "banguela". A prática, na verdade, não faz o carro beber menos e ainda compromete a segurança, bem como é capaz de causar danos ao conjunto da transmissão. "Colocar o câmbio em neutro, na verdade, faz o carro gastar mais combustível do que se estivesse engrenado. O sistema de injeção é calibrado na fábrica para entrar em modo de baixo consumo assim que você tira o pé do acelerador, com o veículo engrenado. Isso faz com que o motor receba apenas a quantidade necessária de combustível para mantê-lo girando", explica Edson Orikassa, diretor da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA).

 

Especialmente em uma descida de serra, colocar o câmbio em neutro ou ponto-morto traz risco de acidentes. "Com as rodas de tração livres, você acaba sobrecarregando os freios, que podem superaquecer, perdendo a eficiência", esclarece o especialista. Camilo Adas, presidente do conselho executivo da SAE Brasil, complementa: "Deixar o carro rodar em neutro e engrená-lo com o veículo ainda em movimento pode até danificar uma ou mais engrenagens do câmbio", alerta o engenheiro.

 

3) Abastecer com combustível mais barato sem critério

 

Com o objetivo de poupar dinheiro, é comum abastecer sempre em postos que oferecem os melhores preços. Preço baixo não é sinônimo de adulteração, mas vale a pena desconfiar quando os valores praticados estão muito abaixo da média do mercado. Erwin Franieck, mentor em engenharia avançada da SAE Brasil, orienta a dar preferência a postos conhecidos e sempre pedir a nota fiscal para comprovar a compra. Afinal de contas, gasolina "batizada" com solvente e etanol adulterado com adição de água são capazes de afetar seriamente a saúde do motor e dos seus agregados.

 

"O solvente danifica componentes como dutos, vedações e peças emborrachadas, além causar a formação de depósitos no interior do propulsor. Etanol com mais água do que determina a especificação acelera a corrosão de itens e traz funcionamento irregular". As consequências imediatas do abastecimento com combustível adulterado são perda de performance e alta no consumo.

 

4) Rodar sempre com o motor frio

 

Rodar pouco a cada dia não garante gastar menos combustível – pelo contrário, ainda faz o carro "beber" mais. O motor precisa atingir determinada temperatura para o calor expandir os componentes internos e, assim, proporcionar condições ideais de funcionamento e lubrificação. Usar o carro continuamente em deslocamentos muito curtos, insuficientes para se atingir a temperatura correta, acelera o desgaste e eleva o consumo de combustível.

 

"Dirigir durante menos de 15 minutos nem esquenta o óleo do motor, impossibilitando a lubrificação adequada. Tem carro com baixa quilometragem que apresenta mais desgaste na comparação com um exemplar mais rodado, que no entanto funciona a maior parte do tempo na temperatura ideal". Franieck informa que veículos abastecidos com etanol tendem a apresentar mais problemas na "fase fria", especialmente em localidades com temperaturas mais baixas.

 

"Em dias frios, a partida de motor abastecido com etanol tende a ser mais difícil em carros antigos, sem sistema de pré-aquecimento. Injeta-se mais combustível no arranque e a parte não queimada do etanol gera água como resíduo. Se o motor não esquentar adequadamente, a água não evapora e acaba contaminando o óleo, comprometendo sua performance".

 

5) Deixar de usar o ar-condicionado na estrada

 

Segundo o Cesvi Brasil, o ar-condicionado pode aumentar em 20% ou até mais o consumo, pois o compressor do equipamento é acionado por correia ligada ao motor. A orientação é nunca dirigir com o ar ligado e os vidros abertos. Além disso, se não estiver muito quente, não coloque o resfriamento no máximo. Porém, desligar o ar em rodovias e abrir os vidros em dias quentes não é uma boa ideia se você quiser poupar combustível. A turbulência de ar que entra na cabine acaba exigindo mais esforço do motor para manter o veículo em movimento, elevando o consumo até mais do que se você mantivesse a climatização ligada com os vidros fechados.

Compartilhar: