A neurociência como aliada dos gestores

A neurociência como aliada dos gestores

A neurociência aplicada à Administração já é ensinada em universidades ao redor do mundo e utilizada, na prática, por executivos. Ela é uma importante aliada do gestor em momentos de estresse e de tomada de decisões. Entender como e por que seu cérebro faz ou deixa de fazer algo é uma informação valiosa.

E as surpresas da neurociência começam já no início de seus estudos, quando foi identificado que a área correspondente às tomadas de decisões, corresponde a apenas 4% do total do cérebro. Além disso, essa região é mais “nova” (das últimas a se desenvolverem plenamente), e sujeita a ação de outras partes mais velhas, como a emoção. Não manter o controle emocional pode ser trágico para os negócios, como explica Marynês Freixo Pereira, neurocoach da Provider Solutions. “A parte do cérebro que toma as decisões responde ao emocional e só depois disso é que a tarefa é executada. É como se a razão fosse uma espécie de empregado. Temos de controlar nossos dragões para que o impulso não implique em demitir pessoas erradas ou gastar muito por ego”, comenta Pereira.

A primeira dica dada pelos especialistas é respirar fundo antes de tomar qualquer tipo de decisão. Muitas vezes, essa pequena parada pode recolocar os hormônio no lugar (principalmente o cortisol, que deixa as pessoas mais irritadas e competitivas) e evita alguma decisão desastrosa, afirma a neurocoach Pereira. “Quando estiver em uma reunião estressante, o ideal é parar tudo, ir à academia ou dar uma caminhada para interromper o ciclo. Isso porque o cérebro vai tomando cada vez mais as piores decisões. Essa quebra pode ser feita também com uma música relaxante”, complemente Pereira.

Carla Tieppo, neurocientista, professora da Santa Casa da PUC-SP, afirma ainda que esse processo pode auxiliar no processo de se colocar em prática outro fator muito importante estudado pela neurociência: a intuição. “É sempre bom respirar fundo, concentrar-se nos elementos que são importantes para aquela decisão. Evitar ser influenciado por outras pessoas, conseguir limpar o ambiente de conteúdos emocionais negativos e se apegar aos conteúdos emocionais que são direcionadores, que podemos chamar de intuição, mas que é fruto das suas experiências passadas”, afirma Tieppo.

O uso da neurociência na formação de um administrador vem ganhando mais espaço no mercado, mas ainda sofre um pouco de resistência das empresas que insistem em uma abordagem mais tradicional. Armando Ribeiro, professor de neurociência aplicada à Administração do Insper, exemplifica que, nos Estados Unidos, esse tipo de assunto já é abordado nas universidades em larga escala, o que não ocorre no Brasil. “Os americanos são muito bons em se antecipar a essas tendências. Na escola de Administração de Harvard, por exemplo, o assunto neurociência já está inserido no conteúdo programático do curso. Aqui, no Brasil, ainda existe desconfiança e resistência”, comenta Ribeiro.

Fonte: Revista Administrador Profissional – ano 38 – nº 350

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