O arensar do cisne verde é preocupante

O arensar do cisne verde é preocupante


Primeiramente, antes de falar sobre o fenômeno do cisne verde, torna-se necessário explicar o significado de arensar, pois, sinceramente, eu não conhecia. Arensar é a palavra utilizada para se designar o som emitido pelos cisnes. Infelizmente, o arensar do cisne verde não traz boas notícias.

Segundo Cecilia Barría, quando o dinheiro estava correndo fartamente nos corredores de Wall Street e a festa parecia nunca acabar, poucos viram que uma crise financeira brutal estava a caminho. Seus efeitos profundos pelo mundo contam esta história até hoje. Após a crise de 2008, a urgência em tentar antecipar crises como essa cresceu tanto quanto o medo da reincidência. Foi nessa época que os economistas começaram a usar o termo "cisne negro" para se referir a eventos fora da curva e que têm um forte impacto negativo ou até catastrófico.

No início de fevereiro desse ano, o Bank for International Settlements (BIS), conhecido como "o banco dos bancos centrais", com sede na Suíça, publicou o livro "The green swan" (O cisne verde), um estudo de Patrick Bolton, Morgan Despres, Luiz Pereira da Silva, Frédéric Samama e Romain Svartzma. A partir do cisne negro, os autores criaram a figura do "cisne verde" para se referir à perspectiva de uma crise financeira causada pelas mudanças climáticas.

"Os cisnes verdes são eventos com potencial extremamente perturbador do ponto de vista financeiro", resumiu à BBC News Mundo o brasileiro Luiz Pereira da Silva, vice-diretor geral do BIS e coautor do estudo. O economista explica que eventos climáticos extremos, como os recentes incêndios na Austrália ou furacões no Caribe, aumentaram sua frequência e magnitude, o que traz grandes custos financeiros. Explicam os prejuízos as interrupções na produção, destruição física de fábricas, aumentos repentinos de preços, entre outros. Pessoas, empresas, países e instituições financeiras podem ser afetados.

Como enfrentar um cisne verde? De acordo com Cecilia Barría, a verdade é que, nos círculos financeiros, não há resposta para essa pergunta. A colunista da BBC News Mundo comenta que os autores do livro explicam que os modelos de previsão do passado não foram projetados para incluir as mudanças climáticas. É por isso que eles convidam outros pesquisadores a desenvolver novas fórmulas considerando isto.

Os autores também alertam que, se uma crise como a de 2008 acontecer de novo, os bancos centrais não terão mais como auxiliar no resgate mundial como naquele tempo – quando tiveram papel vital reduzindo as taxas de juros a níveis historicamente mínimos. Acontece que, mais de uma década depois, as taxas de juros continuam baixas, o que deixa pouco espaço de manobra para estimular as economias e impulsionar o crescimento. O livro também afirma que os níveis mínimos de capital acumulado para enfrentar crises, exigidos pelas regras atuais, não seriam suficientes para mitigar os efeitos de um cisne verde no sistema financeiro.

Àqueles que continuam acreditando que o homem não está provocando mudanças climáticas maléficas em nosso planeta, é bom abrir os olhos e, principalmente, a mente. Ouçam com atenção o arensar do cisne verde, pois, de acordo com a revista Galileu, o ser humano efetivamente alterou o clima do planeta. Esta máxima é a conclusão dos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e de 97% dos estudos sobre a ciência do clima já publicados.

Fontes: 
https://economia.uol.com.br/noticias/bbc/2020/02/12/o-que-e-o-cisne-verde-que-pode-causar-proxima-crise-financeira-mundial.htm 
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/12/sera-que-fazem-sentido-os-estudos-que-negam-o-aquecimento-global.html 
 

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